Laços Capítulo Sete

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Capítulo Sete

O celular de André tocou. Ele e Carly pareceram despertar e o rapaz pegou o iPhone na mesinha de centro. Era Angélica, perguntando se ele chegou bem e reclamando porque o filho não ligou. André acalmou-a, dizendo que estava tudo bem. Carly terminou a pizza e levantou-se. André olhou para ela, enquanto despedia-se da mãe.

— Não vai comer mais? — perguntou André, olhando para cozinha.

— Ah, não. Estou cheia.

— É, acho que uma grande foi demais, né? — André levantou-se e foi para a cozinha, com seu prato e a caixa com um quarto da pizza. Carly lavou a louça e ele secou e guardou.

Depois, Carly disse que ia para o quarto, terminar de ler o livro. André não se opôs, porque sabia que a moça gostava de ficar sozinha. Ele ficou no sofá, assistindo a um filme.

***

Carly estava em um parque, com sebes verdinhas, pássaros cantando e um panapaná sobrevoando as flores, além de lebres que passaram pulando perto dos seus pés. Caminhou um pouco, então viu uma mulher de vestido branco e cabelos rubros, cuidando de uma roseira.

— Mãe — falou Carly e a mulher virou-se, sorrindo.

— Oi, Cá. Seja corajosa, querida.

Carly ia responder, mas a mulher saiu andando. Ela pediu para esperar, mas a mãe continuou e logo a moça a perdeu de vista. Carly gritou Mãe!... e não viu o buraco logo a sua frente. Gritou e... acordou, sentando-se na cama. Não pôde evitar o choro. Levantou-se e saiu do quarto. A porta do quarto de André estava aberta, mas ele não estava em lugar nenhum do apartamento. Onde ele teria ido? A moça sentou-se no sofá, abraçando as pernas. Ficou assim até André voltar, minutos depois.

— Lyly — chamou o rapaz, ao ouvir o som de choro. Ele foi até ela, no sofá. — O que aconteceu?

— Eu sonhei com minha mãe...

— Calma, Lyly. Foi só um sonho — disse André e a abraçou. Afagou-lhe os cabelos.

Carly acalmou-se, depois de um tempo, e se afastou, enxugando as lágrimas. Perguntou a André onde ele estava. O rapaz falou que tinha descido para levar o restante da pizza aos moradores de rua.

— Quer que eu faça um chá? Acho que pacotes de chá tem aqui.

Carly assentiu e André foi para cozinha. Enquanto observava o rapaz preparar o chá, Carly pensou que talvez ele não fosse tão amargo quanto ela pensava. Talvez fosse apenas uma camuflagem para esconder o medo que tinha de confiar e ser decepcionado de novo.

***

O Empório MimoSweet era construído no mesmo estilo, com poucas alterações, nas diversas cidades onde estava instalado. Tinha portas de vidro e as mesinhas de vidro e metal comportavam quatro pessoas. A um canto havia um pequeno palco, com uma bateria, um teclado, um microfone em um pedestal, uma guitarra e um baixo em suportes. Na manhã seguinte, depois de se arrumarem, André e Carly foram até o shopping, tomar café na filial do Empório, antes de ir para o aeroporto. André aproveitou para conversar com o gerente, sobre a situação da loja.

— Devo confessar que houve uma queda nas vendas, mas acho que nada que não possa ser recuperado... mas... — O homem parou e olhou de André para Carly.

— Pode falar — disse o mancebo. — Lyly é da família.

Carly achou estranho a colocação. Ela ser irmã de Lucy não a fazia ser da família.

— Bom, é que está difícil lidar com os fornecedores, por causa das contas antigas.

— Eu estive observando as contas e foi uma surpresa descobrir que devemos tanto, com todo o lucro que temos — comentou André.

— Alguns estão tentando uma renegociação, mas o sr. Ferreira prometeu colocar tudo em dia. Eles estão na espera.

***

 

O avião pousou no Aeroporto Santos Dumont, à uma e meia, por causa do atraso no voo. Tiago estava esperando por Carly e André. Lucy não pôde ir porque estava ajeitando os últimos detalhes do desfile. Carly ficou observando o Cristo Redentor, pela janela, enquanto o carro avançava até o Leblon. Tiago parecia anormalmente calado e André percebeu isso, mas não quis comentar nada na frente de Carly. Ela estava preocupada com a irmã e sabia que, se o irmão estava com problemas, não falaria.

— Bem-vindos de novo à nossa casa — disse Tiago, ao entrarem no apartamento, no quarto andar do prédio.

Carly sorriu, olhando ao redor, lembrando-se da primeira vez em que esteve ali, quando Lucy foi conhecer sua nova casa. Tiago indicou o quarto de Carly, segunda porta, à esquerda, e o de André ficava à direita.

Lucy chegou às quatro. Ela e Carly abraçaram-se, felizes, comentando da saudade e como era bom se ver de novo.

— Viu o vestido que deixei pra você? — perguntou a mais nova. — Desenhei especialmente.

— Eu vi. It’s beautiful. Thanks[i] — disse Carly, sorrindo.

— Andy, tudo bem? — Lucy abraçou o cunhado. — Obrigada por trazer a Carly.

— E deu um trabalho — falou André, sorrindo. — Quase precisei amarrar e jogar nas costas.

— Mentira — disse Carly, fuzilando-o com o olhar.

— Vamos, Villaça, diga a sua irmã que não queria vir pro desfile dela.

— Quê? — Lucy olhou, incrédula, para Carly. — I can’t believe in it[ii].

— Cala boca, Ferreira — aborreceu-se Carly. — Não, Lu, eu só estava, sabe... eu tenho que trabalhar na segunda...

— Vou fazer de conta que não ouvi isso — Lucy saiu e Carly foi atrás dela, depois de olhar feio para André.

O rapaz aproveitou a ausência das duas para perguntar a Tiago como estava o primeiro mês. O irmão respondeu: Bem.

— Bem? Só isso? Pro cara que disse que estava confiante, que encontrara a mulher da vida dele... Vocês já brigaram?

— Não — falou Tiago. — Só uma discussão...

No quarto, Carly fechou o vestido de Lucy. A mais velha pediu desculpas e, logo, tudo estava resolvido.

— Lu... você e Tiago... estão bem? — Carly olhou para o perfil da irmã enquanto ela passava delineador. Lucy terminou e fechou o delineador.

— Na maior parte do tempo, sim, mas... Ele tem saído, sabe — falou, olhando para baixo. — Ele diz que só estava com os amigos, mas chegou depois das dez. Fiquei com raiva — ela olhou para irmã. — Um mês apenas e ele já está me deixando sozinha... ele reclama o tempo todo que eu não arrumo as coisas, que eu reclamo demais, mas... — Lucy sentou-se na cama. — Só falei que estava com saudades de casa e que ele me deixa sozinha.

Carly segurou a mão da irmã, sentando-se ao lado dela.

— Ah, dear, eu falei que esse começo seria difícil. Vocês são muito novos e vai demorar um tempo pra se desapegarem da vida de solteiros. Mas, olha, vai ficar tudo bem. Sei que o que Tiago está fazendo é errado, mas também tente não reclamar tanto... e ser mais organizada. Sempre tivemos esse problema, lembra? — Carly sorriu. — E tu se esforçava pra arrumar um pouco... tente se esforçar agora. Não renove o ciclo... se ele sai pra não ouvir você falando, não reclame quando ele voltar tarde. Apenas diga que não vai aceitar que ele fique vivendo como solteiro. Deixe a escolha para ele.

— Tiago também fala que eu não sei cozinhar.

— Bom, ele sabia disso. Mas você pode tentar, pelo menos nos fins de semana. Sei que trabalha muito, mas tenho certeza que ele ficaria feliz. Vocês ainda não têm ninguém aqui, né? Pra fazer o serviço doméstico.

— Não.

— A culpa é minha. Acostumei você mal, Lu — Carly abraçou-a. Lucy ficou feliz por sua protetora estar ali.

Tiago entrou no quarto. Ele parou ao ver as irmãs abraçadas; elas afastaram-se.

— Quando quiser ir, Lu...

— Fala sério. Nessa casa não tem nada pra comer, não, é? — perguntou André, da cozinha.

— Droga! Esqueci de fazer compras — disse Tiago, frustrado.

André apareceu na porta do quarto.

— Vou fazer compras. Vem comigo, Lyly?

Lucy olhou para Carly, que ruborizou. A mais nova estranhou o apelido tanto quanto a mais velha. Tiago olhou para André, mas ele não percebeu. Carly levantou-se e Lucy pediu para eles não demorarem.

— Perguntei ao Tiago — falou André, quando saíam do prédio. — Ele disse que está tudo bem.

— Pois Lu me disse algo totalmente diferente — falou Carly, olhando para ele.



[i] É lindo. Valeu.

[ii] Não acredito nisso.


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