(Resenha) Flores para o Inverno, org. Lucas Brasil




A editora Villa-Lobos apresenta a antologia “Flores para o inverno”. Nessa coletânea, passeamos por vários lugares da França, em diferentes épocas, embarcando em histórias de dramas, amores e mistérios.
O livro começa com o conto de Lily Clayton e Erik Thomazi, “Amor e Guerra”, uma viagem no tempo para a época da guerra, sobre um amor proibido entre dois soldados. Uma história de tristeza, perdas e descobertas.
O próximo é “De Repente”, de Renata Cathoud. Em 1885, Anne esbarra com um desconhecido na rua e isso pode mudar sua vida completamente, colocando em xeque toda a precaução.
“Lembranças de Um Amor Vazio”, de Júlia L. Neumann, traz uma espécie de carta para um amor ausente, carregada de sentimentos, dores e tristezas.
“Paola”, de N. Gomes, conta a história de uma florista, Sarah Bellerose, que se vê encantada por sua cliente, Paola. Mas o medo a impede de se declarar, e quando, finalmente, toma uma decisão, pode ser tarde demais.
O conto de Andréa Bertoldo, “J’Attendais”, traz um ar nostálgico, pela visão de um vampiro de quase 250 anos, que perdeu um grande amor. Em plena guerra, ele vaga por Paris até encontrar uma mocinha sendo assediada pelos soldados. Quem sabe ele terá a chance de ver a manhã surgir de novo.
Rodrigo Ortiz Vinholo, em “A Neve na Champs-Élyssés”, narra a história de uma família tentando realizar o sonho do vô Luís, que queria retornar a Paris para visitar os mesmos lugares da juventude.
Em “Orquídeas para Amelie Óleo sobre Tela(2005)”, de Diego Perroni, nos deparamos com uma pintura. Um retrato de um romântico, em busca de um grande amor. E ele a encontra quando menos espera e tenta eternizá-la em um quadro, mas ela desaparece quando ele menos espera.
Fabiana Prieto nos presenteia com “Cheiro de Natal” e “Coquelicot”. O primeiro nos traz a candura de uma história sobre um cãozinho de rua que ganha uma terna família de Natal. O segundo traz a história de uma moça precisando de ajuda e a certeza de que, em algum lugar, alguém cuida de nós.
No “Em dias de neve”, Marcos Diniz nos apresenta uma mocinha desastrada que escorrega para cair nos braços do amor. E esse romance é contado de um jeito tão perfeito como todos idealizamos, mas não se iluda com tamanha perfeição.
Nikholai Hoefner(eu amei esse nome), em “O Andarilho”, nos apresenta uma figura que vaga pela vida, se orientando pelo inverno, pois ele não está no seu mundo. A narrativa é feita de maneira intrincada e sutil, mas pode ser que o personagem seja alguém que conhecemos bem.
Paulinha G., em “Os Jasmins”, nos narra a saga de Ethan, que foi abandonado no altar. Ao fugir, ele encontra uma casa abandonada e resolve cuidar do jardim. Ali, em contato com a terra, as flores que começam a reviver, ele conecta-se de novo consigo mesmo e com a vida.
O próximo é o meu, “Futuro Presente”. Não posso resenhar meu próprio conto, mas posso dizer que foi escrito com todo o meu coração, em um momento muito difícil e ele fala muito em poucas palavras.
“A Xícara na Beirada da Sacada”, do Lucas Brasil, é diferente de todos os outros. Ele cai em um thriller, que surpreende a cada parágrafo e nada do que você imaginava no começo procede.
Erik Thomazi, em “Lembranças”, faz o que ele sabe bem. Transforma uma situação comum em um retrato singelo e profundo.  A cada passagem podemos sentir a tristeza e a saudade do personagem.
Nikholai volta com “Flor Negra”, um conto com um tom mais obscuro, sobre um dia comum, enquanto a neve cai. Então algo de estranho acontece na rua e a multidão se junta para testemunhar.
J.M. Saqueti, em “Memórias de Inverno”, faz uma narrativa intrincada, repleta de nostalgia e sentimento contido, que traz uma grande revelação final.
Em “Vicissitudes da Vida”, Marciele Goetzke traz uma história de uma busca por explicação de como não se pôde salvar alguém.
“Estação Lille-Flandre – O Curioso Caso de Missing Time”, de Victor Azevedo, traz um conto fantástico sobre um policial que vive momentos em que pode viver o futuro antes que este aconteça e assim consegue prevenir um crime.
Damaris Oliveira, em “Linha 70449”, também nos traz um conto futurístico sobre realidades paralelas, mas que fala sobre algo bem real: a busca pelo amor. E foi desse conto que eu tirei a frase mais bonita desse livro: “Você um dia vai aprender que a vida nos traz presentes que não estão destinados a durar muito tempo, mas que nos fazem conhecer o sentido de eternidade”.
“Queda Livre”, de Pedro Afonso, encerra o livro com um conto sobre como cada escolha implica uma consequência e o poder que nossas ações têm sobre as pessoas que amamos.
Levanto a questão sobre como o tema suicídio é abordado em alguns contos. Esse é um tema que está presente desde o começo do Romantismo, mas é delicado. Não sabemos quando isso pode funcionar como gatilho. Fica um alerta aos autores ao ligar perdas emocionais diretamente ao suicídio, sem mostrar outras alternativas.
No mais, um sonho realizado ter participado dessa antologia, com pessoas tão talentosas e criativas. Agradeço aos organizadores pela oportunidade, apoio e aprendizado.


Link para adquirir o livro: https://livrosnacionais.lojaintegrada.com.br/flores-para-o-inverno