Olá, pessoal! Mais um capítulo do meu livro Laços. Se puderem deixar um comentário para eu saber o que acharam, agradeço muito! Se quiserem adquirir um exemplar autografado, me contate em @sorayafreireoficial
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Capítulo Dois
Depois da festa, o tio de Tiago, Ricardo, levaria os noivos até
Barreiras, onde eles pegariam um voo até Salvador. Da capital, Lucy e Tiago
viajariam para Santiago, no Chile, onde passariam uma semana em lua-de-mel.
— Vai com Deus — disse Carly, abraçando Lucy, bem forte.
— Não chora, Cá — pediu a irmã.
— Não tô chorando — Carly
enxugou as lágrimas, sorrindo. — Só desejo que seja muito feliz, Lu.
Lucy apertou as mãos de Carly, olhando-a nos olhos.
— Eu vou ser.
— I love you, Lu — disse
Carly.
— I love you too, sis.
André também estava despedindo-se de Tiago. Os dois abraçaram-se e André
desejou boa viagem ao irmão. Tiago agradeceu.
— Desculpa pelo que eu disse, tá?
— falou o mais velho e o caçula assentiu. — Não vai fazer besteira, viu? Cuida
bem da Lucy.
Tia Salomé apertou Lucy em um abraço e disse para se cuidar e ligar
quando chegassem. As tias de Tiago, Rosana e Carolina, abraçaram os noivos.
Eles despediram-se de todos os parentes, enquanto os tios, Ricardo e Fernando,
colocavam as malas no carro. Por fim, Carly abraçou o cunhado e desejou-lhe boa
viagem.
— Cuida bem da minha irmã — recomendou ela. — Ou vai ver. Quando eu sou
boa, sou boa. Quando sou má, sou Belatriz Lestrange.
Tiago sorriu.
— Vou cuidar da Lucy como se minha vida dependesse disso — ele abraçou a
esposa e deu um beijo na bochecha dela. — Porque depende.
Tiago e Lucy entraram no carro de tio Ricardo, acenaram mais uma vez...
e partiram. Carly estava chorando e Salomé abraçou-a. André sentiu uma sensação
de vazio enquanto o carro afastava-se. Olhou para Carly, enquanto ela enxugava
as lágrimas, e seus olhares cruzaram-se. Ele virou-se e entrou em casa.
As tias de Carly, Cecília e Carmen, decidiram voltar logo para o Rio de
Janeiro. A moça despediu-se deles e agradeceu por terem vindo. Todos entraram
no ônibus da banda DREAM e partiram. A avó materna de Tiago, dona Anita, e a
tia, Natália, ficariam na casa. Mas os tios paternos, Carolina e Fernando, e as
primas, Laura e Lara, também se despediram.
Carly subiu e se trocou. Ela estava olhando, pela janela, a equipe da
promotora de eventos desarmar o palco, ao lado da piscina. Várias pessoas
tiravam toalhas das mesas e outros carregavam arranjos e cadeiras para fora.
— Não precisa ir correndo — disse tia Rosana. Carly enxugou as lágrimas,
antes de olhar para ela. A mulher de sorriso franco e olhos pequenos fitou-a. —
Por que não fica uns dias na fazenda com a gente?
— Seria legal — disse Rosa, a filha mais nova de Rosana e Ricardo, ao
lado da mãe. Ela e Carly tinham ficado amigas, desde que se conheceram.
— Obrigada, mas tenho que ir — Carly sorriu.
— Quando quiser passar o fim de semana, é só ligar — Rosana sorriu para
ela.
***
Depois que todos foram se deitar e a casa ficou
silenciosa, Carly ainda estava acordada, lendo a Bíblia. Estava, há uma semana,
naquele quarto, e era tão estranho quanto no primeiro dia. Mas, pelo menos,
antes, tinha a companhia de Lucy. Ainda bem que logo estaria em casa. Esperava
que Dona Eva realmente se lembrasse de dar comida a seu peixinho. Carly estava
pensando como seria voltar para casa, sozinha. Tia Salomé e tio Eli estariam em
casa, mas ela sentiria muita falta de Lucy. A moça levantou-se, pegou o celular
e saiu para varanda. Sentou em uma das cadeiras de palha e esticou as pernas,
apoiando os calcanhares na grade de proteção. Ficou lendo.
No quarto de André, ele estava na sua luta noturna contra a insônia.
Decidiu, então, sair para varanda e ler um pouco lá fora, para ver se o sono
chegava. Estava um pouco frio, mas não se importava muito com isso. André viu
Carly sentada na varanda do quarto dela, com a cabeça baixa, lendo.
— Sem sono? — perguntou ele, aproximando-se da grade.
Carly quase caiu da cadeira. Baixou as pernas, com a mão sobre o peito e
olhou para André.
— Que susto, cara. Pensei que todos estivessem dormindo.
— Sabe que tenho insônia — disse ele, ledo. — Estava lendo também —
André mostrou a Bíblia.
— Olha, tu lê a Bíblia. Com
todo esse mal humor e ceticismo pensei que nem soubesse o que era isso.
— Ser cristãos não nos faz santos — André pulou da sua varanda para a de
Carly e se sentou em uma das cadeiras vazias. — A começar pela tendência que
temos de julgar as pessoas.
Carly ruborizou e ficou quieta por uns segundos.
— O que estava lendo? — perguntou ela.
— Salmo 114 — disse o rapaz.
— É o que me impede de pirar — disse ela e sorriu.
— Eu também — André ficou observando o céu. As luzes do jardim estavam
apagadas e a lua era minguante. As nuvens eram poucas, apesar de ser inverno;
por isso as estrelas estavam bem visíveis. Ele olhou para Carly e ela estava
olhando para o céu. — Gosta das estrelas?
— Quem não gosta? — perguntou ela, olhando para ele.
— Sabe reconhecer?
— Não.
— Aquela… tá vendo? — perguntou André, apontando. — É Sirius, a estrela
alfa da constelação do Cão Maior, a maior estrela visível no céu. O nome do seu
peixinho é Sirius Black, né? — ele olhou para Carly e ela sorriu. — Aquelas
formam a constelação do Escorpião, visível durante todas as noites de inverno.
Tu é de Libra, né?
— Sou.
— Na direção do Escorpião, tu vê
a balança. Antes, era considerada uma das pinças do Escorpião até se tornar uma
constelação independente... Não que eu acredite em horóscopo — André e Carly
olharam um para o outro.
— Nem eu — disse ela. — Dizem que os librianos são equilibrados.
— É, e tu é completamente
louca — brincou André, mas Carly não gostou.
— E dizem que os capricornianos não perdem a cabeça, enquanto tu explode por qualquer coisa.
André desviou os olhos. Carly ficou em silêncio, lendo. André olhou para
ela, por alguns instantes, e abriu a Bíblia também. Carly pegou o celular em
cima da mesa e colocou Greastest love of
all, de Whitney Houston, para tocar. André sorriu. Ele sabia da preferência
de Carly por músicas melosas.
— É uma pena como algumas pessoas, com talentos extraordinários, se vão.
— Infelizmente, talentos extraordinários não significam sabedoria para
se manter longe de caminhos tortuosos — falou André.
— Pelo contrário — disse Carly, olhando para ele. — Parecem conduzir,
mais fácil, a eles.
— Acho que é o fato da natureza humana ter se transformado de perfeita
para imperfeita. Nos acostumamos com a segunda e quando algo em nós parece levar
à primeira, pendemos para segunda.
Carly fitou André, considerando, enquanto outra música começava: Coming Around Again, de Carly Simon.
— Nossa, você gosta de música antiga, né? — ele riu.
— Minha mãe gostava — Carly sorriu, triste. — Nossos nomes são em
homenagem às irmãs Simon.
— Pensei que o de Lucy tivesse a ver com os Beatles.
— Nunca escutamos muito os Beatles — falou ela. — Era Jovem Guarda,
Roupa Nova, Céline, Whitney, Carly, ABBA...
— ABBA? — André sorriu. — Nossa, foi muito longe.
— Quase fomos Agnetha e Anne-Frid.
— Prefiro Carly e Lucy.
Carly colocou a mão na frente da boca, quando bocejou. André disse para
ela ir dormir e desejou boa-noite.
— Deveria ir dormir também — disse ela, levantando-se. — Pra mim,
geralmente funciona contar de duzentos para um, voltando.
— Valeu pela dica — disse ele. — Good
night.
— Good night — Carly entrou no
quarto e fechou a porta para varanda.
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