(Resenha) Entre livros e lápis de cor, de Marlon Souza e Thaís A. de Araújo



Eu comprei “Entre livros e lápis de cor”, do Marlon Souza e Thaís Araújo, assim que foi lançado em e-book, mas como tenho dificuldade de ler online, deixei a leitura inacabada. Quando foi lançado físico, eu sabia que teria que ter.
A história de Camila e Lucas me encantou desde a primeira página. A escrita dos autores nos conduz de uma página a outra, de um capítulo a outro e tudo que queremos é saber o que vai acontecer depois e como acaba. E é uma pena quando a acaba.
Camila é uma estudante caloura de Letras e Lucas, um veterano de Arquitetura. Há um tempo, eles se veem na biblioteca da faculdade, mas nunca se falaram. Até que Camila decide ir até a mesa dele e, como é desastrada, derrama café no trabalho dele. A partir daí eles começam a se falar e Lucas faz uma estranha proposta a Camila. A avó dele vai fazer noventa anos e espera que o neto apareça acompanhado do amor da vida dele.
“Entre livros e lápis de cor” é um daqueles livros que eu terminei e fiquei com vontade de começar de novo. Ou que tivesse uma continuação. Eu fiquei abraçada a ele, durante alguns segundos, com os olhos fechados e sorrindo. Sabemos que nenhum romance acontece na vida real, como nos livros, mas é bom que existam histórias assim que nos façam sonhar e esquecer a realidade por algum tempo. Obrigada, Marlon e Thaís!



(Resenha) Flores para o Inverno, org. Lucas Brasil




A editora Villa-Lobos apresenta a antologia “Flores para o inverno”. Nessa coletânea, passeamos por vários lugares da França, em diferentes épocas, embarcando em histórias de dramas, amores e mistérios.
O livro começa com o conto de Lily Clayton e Erik Thomazi, “Amor e Guerra”, uma viagem no tempo para a época da guerra, sobre um amor proibido entre dois soldados. Uma história de tristeza, perdas e descobertas.
O próximo é “De Repente”, de Renata Cathoud. Em 1885, Anne esbarra com um desconhecido na rua e isso pode mudar sua vida completamente, colocando em xeque toda a precaução.
“Lembranças de Um Amor Vazio”, de Júlia L. Neumann, traz uma espécie de carta para um amor ausente, carregada de sentimentos, dores e tristezas.
“Paola”, de N. Gomes, conta a história de uma florista, Sarah Bellerose, que se vê encantada por sua cliente, Paola. Mas o medo a impede de se declarar, e quando, finalmente, toma uma decisão, pode ser tarde demais.
O conto de Andréa Bertoldo, “J’Attendais”, traz um ar nostálgico, pela visão de um vampiro de quase 250 anos, que perdeu um grande amor. Em plena guerra, ele vaga por Paris até encontrar uma mocinha sendo assediada pelos soldados. Quem sabe ele terá a chance de ver a manhã surgir de novo.
Rodrigo Ortiz Vinholo, em “A Neve na Champs-Élyssés”, narra a história de uma família tentando realizar o sonho do vô Luís, que queria retornar a Paris para visitar os mesmos lugares da juventude.
Em “Orquídeas para Amelie Óleo sobre Tela(2005)”, de Diego Perroni, nos deparamos com uma pintura. Um retrato de um romântico, em busca de um grande amor. E ele a encontra quando menos espera e tenta eternizá-la em um quadro, mas ela desaparece quando ele menos espera.
Fabiana Prieto nos presenteia com “Cheiro de Natal” e “Coquelicot”. O primeiro nos traz a candura de uma história sobre um cãozinho de rua que ganha uma terna família de Natal. O segundo traz a história de uma moça precisando de ajuda e a certeza de que, em algum lugar, alguém cuida de nós.
No “Em dias de neve”, Marcos Diniz nos apresenta uma mocinha desastrada que escorrega para cair nos braços do amor. E esse romance é contado de um jeito tão perfeito como todos idealizamos, mas não se iluda com tamanha perfeição.
Nikholai Hoefner(eu amei esse nome), em “O Andarilho”, nos apresenta uma figura que vaga pela vida, se orientando pelo inverno, pois ele não está no seu mundo. A narrativa é feita de maneira intrincada e sutil, mas pode ser que o personagem seja alguém que conhecemos bem.
Paulinha G., em “Os Jasmins”, nos narra a saga de Ethan, que foi abandonado no altar. Ao fugir, ele encontra uma casa abandonada e resolve cuidar do jardim. Ali, em contato com a terra, as flores que começam a reviver, ele conecta-se de novo consigo mesmo e com a vida.
O próximo é o meu, “Futuro Presente”. Não posso resenhar meu próprio conto, mas posso dizer que foi escrito com todo o meu coração, em um momento muito difícil e ele fala muito em poucas palavras.
“A Xícara na Beirada da Sacada”, do Lucas Brasil, é diferente de todos os outros. Ele cai em um thriller, que surpreende a cada parágrafo e nada do que você imaginava no começo procede.
Erik Thomazi, em “Lembranças”, faz o que ele sabe bem. Transforma uma situação comum em um retrato singelo e profundo.  A cada passagem podemos sentir a tristeza e a saudade do personagem.
Nikholai volta com “Flor Negra”, um conto com um tom mais obscuro, sobre um dia comum, enquanto a neve cai. Então algo de estranho acontece na rua e a multidão se junta para testemunhar.
J.M. Saqueti, em “Memórias de Inverno”, faz uma narrativa intrincada, repleta de nostalgia e sentimento contido, que traz uma grande revelação final.
Em “Vicissitudes da Vida”, Marciele Goetzke traz uma história de uma busca por explicação de como não se pôde salvar alguém.
“Estação Lille-Flandre – O Curioso Caso de Missing Time”, de Victor Azevedo, traz um conto fantástico sobre um policial que vive momentos em que pode viver o futuro antes que este aconteça e assim consegue prevenir um crime.
Damaris Oliveira, em “Linha 70449”, também nos traz um conto futurístico sobre realidades paralelas, mas que fala sobre algo bem real: a busca pelo amor. E foi desse conto que eu tirei a frase mais bonita desse livro: “Você um dia vai aprender que a vida nos traz presentes que não estão destinados a durar muito tempo, mas que nos fazem conhecer o sentido de eternidade”.
“Queda Livre”, de Pedro Afonso, encerra o livro com um conto sobre como cada escolha implica uma consequência e o poder que nossas ações têm sobre as pessoas que amamos.
Levanto a questão sobre como o tema suicídio é abordado em alguns contos. Esse é um tema que está presente desde o começo do Romantismo, mas é delicado. Não sabemos quando isso pode funcionar como gatilho. Fica um alerta aos autores ao ligar perdas emocionais diretamente ao suicídio, sem mostrar outras alternativas.
No mais, um sonho realizado ter participado dessa antologia, com pessoas tão talentosas e criativas. Agradeço aos organizadores pela oportunidade, apoio e aprendizado.


Link para adquirir o livro: https://livrosnacionais.lojaintegrada.com.br/flores-para-o-inverno

(Resenha) Nas colinas de Dorsetshire, de Amanda Bonatti


Mais um livro de Amanda Bonatti? O que eu posso fazer? Ela escreve muito e eu amo o que ela escreve! Já tem um tempo que eu terminei de ler, mas fico procrastinando para escrever a resenha. 
Vamos lá!
"Nas colinas de Dorsetshire", nós encontramos Lolla Gibbons vivendo sua vida pacata numa vila no interior da Inglaterra, no começo do século XIX. Ela é uma moça feliz, de família humilde, que sonha em casar por amor. Porém, seus pais exigem dela que se case com um homem muito mais velho, por ele ser rico e querer ajudar a família em troca da mão de Lolla.
Contra sua vontade, Lolla vai com o irmão Richard para Londres, para ser apresentada à sociedade como noiva do sr. Boorman. Ela só não contava com a presença do filho do seu noivo, o sr. James.
Lolla também não contava com o fato de James ser tão gentil, inteligente e bonito. Os dois começam uma amizade -- do jeito era possível naquela época entre um homem e uma mulher -- e logo se encontram apaixonados. Mas não será fácil vencer o preconceito da sociedade frente às raízes simples de Lolla e nem o furor do sr. Boorman e do sr. e da sra. Gibbons. 
Nesse ínterim, somos apresentados também à melhor amiga de Lolla, Helen, que vive um casamento infeliz enquanto guarda, desde jovenzinha, um amor por Richard.
Mais um romance de época de Amanda, ambientado em paisagens bucólicas, rico em diálogos inteligentes, com uma protagonista em busca de ser ela mesma, lutando contra o que a sociedade espera dela. E até onde o amor é capaz de superar tudo isso? 


Soraya Freire é escritora, gestora ambiental e ama romances de época.

(Resenha) Vozes da Terra, org. Erik Thomazi


Quando Erik me colocou no grupo da antologia folclórica, que ainda não tinha título, eu não sabia muito bem o que faria. A proposta era escrever contos que enaltecessem o folclore brasileiro. Tirando minhas fanfics de Harry Potter, eu me mantenho longe de experiências com fantasia. Folclore brasileiro, então.
Mas a proposta era rica e necessária. Estamos acostumados com literatura de mitologia nórdica, europeia, que lidam com mitos universais. Enquanto nossos seres fantásticos são deixados de lado, desde que Monteiro Lobato se propôs a fazer O Sítio do Pica-pau Amarelo, séculos atrás. 
"Vozes da Terra" surge, então, com a proposta de juntar vários autores para escreverem contos que revisitem as lendas do nosso folclore. E eles fazem isso de maneira brilhante. 
Logo de cara, nos encontramos com vários seres, no conto de Fabryce Scharlau. O meu conto vem logo depois, tentando dar uma explicação de como a lenda a Iara começou. Um romance com um ser que sempre envolve mistérios à meia-noite se desenvolve no conto de Diana Miranda.
Nanda Miranda nos traz uma amizade entre uma índia misteriosa e um ser antropomorfo de morcego. Douglas Andrade entrega uma história de dar arrepios em "Dívida". Rogério Alves me fez revisitar a infância ao me lembrar de uma história que minha tia contava, sobre uma bola de fogo que mostra onde tem ouro. Porém o conto dele fala mais sobre o quanto a ganância pode destruir a natureza. 
Beto Oliveira, com uma narrativa bem construída, descritiva, leva um simples tarrafeiro em uma aventura rica em referências indígenas. Gustavo Rosseb vem com o conto que dá nome à antologia, "Vozes da Terra", em uma narrativa de como almas são perdidas em nome da usura, em tributos ao Mal. Iza Costa traz um relato de como a força da fé e do amor pode derrotar um feitiço. 
Em "Penumbra", Marlon Souza, faz um relato comovente de como um garotinho perdeu seu irmão para a Cuca. Erik Thomazi, em "Proteger é a Lei", nos conta como Kaypora e Curupira se conheceram. Izabela Souza faz um relato triste de como um garoto inocente é enganado por um saci. Marcos Diniz nos conta como a Mula Sem Cabeça surgiu de uma maneira diferente da qual conhecemos(que eu conheço, pelo menos). O livro de encerra com "Tributo ao Legislador", de John Gilbert, a saga de dois jovens para salvar uma aldeia de um Mapinguari, que a versão nacional de ciclope.
Gostaria de falar mais, mas fazer uma resenha sobre uma antologia é difícil. Deixo a você, leitor, a curiosidade de descobrir mais sobre essa obra, que tive o prazer de escrever, participar e humildemente estar entre escritores de talento e escrita tão refinada e fantástica! 

Contos de:
Beto Oliveira - O Morro do Diabo
Diana Miranda - Sob o luar
Douglas Andrade - Dívida
Erik Thomazi - Proteger é a lei!
Fabryce Scharlau - A lenda de Upiara
Gustavo Rosseb - Vozes da Terra
Iza Costa - Índia das águas
Izabela Souza Ferreira - Um menino, um sonho, um saci
John Gilbert - Tributo ao Legislador
Marcos Diniz - Pelo seu pecado o castigo vem a galope
Marlon Souza - Penumbra
Fernanda Miranda - Cupendipe e a Índia-lua
Rogerio Alves - Matriarca dourada
Soraya Freire - Não se encontra todo dia

Adquira o livro em: https://livrosnacionais.lojaintegrada.com.br/vozes-da-terra ou procure qualquer um dos autores nas redes sociais, ou pessoalmente, se tiver o prazer de conhecê-los.
  

"No fundo do mar": escuro e profundo


Quando Vanessa Nunes perguntou, no grupo, se alguém queria resenhar um conto dela "sobre estupro e morte", eu hesitei. Mas lembrando da minha terapeuta sobre não evitar o sofrimento, aceitei.
Foram vários contratempos, mas consegui ler.
O conto de Vanessa, "No fundo do mar", narra a história de Ariel, uma garota que ficou órfã aos 6 anos e foi adotada pelo seu tio Hans. Mas, como na maioria dos casos de abuso contra crianças e adolescentes, quem deveria protegê-la vendeu-a para pedófilos. Segundo fontes do Ministério da Saúde, de 2011 a 2017, 37% dos casos de abuso, o agressor tinha vínculo familiar com a criança.
Mas Ariel não é o verdadeiro nome da menina, que se chamava Alice. Essa foi uma personagem criada para ela e que acabou se tornando uma persona. Para conseguir suportar sua realidade terrível, a personalidade de Alice se partiu. Agora ela escreve em um diário para tentar registrar o que acontece e se lembrar do que acontece durante os abusos, já que  tem lapsos de memória.
Há um aspecto de thriller psicológico no conto de Nunes que me lembrou o livro de Sidney Sheldon, "Conte-me seus sonhos", e o filme "Sybill".
Eu entendi o que Vanessa quis dizer ao falar que o conto era forte. Ela faz um recorte contundente da história de uma personagem, mas que se parece com a realidade de muitas crianças, adolescentes e jovens mulheres. No período de 2011 a 2018, houve "184.524 casos de violência sexual, sendo 58.037 (31,5%) contra crianças e 83.068 (45,0%) contra adolescentes", registrados no Brasil. 
E o conto de Vanessa Nunes é apenas um da antologia Cinderelas, uma antologia a ser lançada pela Editora Sinna. Fico pensando no turbilhão de emoções que será ler todas essas histórias de mulheres vítimas de violência. Não seria ruim se No fundo do mar se tornasse um livro solo. 
Depois de ler o conto de Vanessa, nunca mais poderei olhar para A Pequena Sereia com os mesmos olhos. Mas temos que olhar para o que não é visto ou dito, a realidade que incomoda e desespera. 
A antologia chega em um momento muito importante, um grito de socorro das mulheres em uma realidade em que seu corpo é visto como propriedade de terceiros e a vítima ainda é execrada, em casos de violência. Essas moças, que pode ser qualquer uma de nós, precisa de voz. E se elas são caladas, que possamos falar por elas.

Sinopse da antologia:

Este livro não é sobre contos de fadas, embora fale sobre princesas. Não daquelas que usam tiaras, diamantes e pertencem à realeza. Infelizmente. As princesas deste livro são reais, porém nem todos as respeitam.
Nestas histórias, que podem facilmente se confundir com a realidade, elas temem o escuro, temem estar sozinhas na calada da noite, temem seus supostos príncipes encantados.
Neste livro ou neste mundo, essas princesas também são chamadas de mulheres.
A cada 7,2 segundos uma mulher é vítima de VIOLÊNCIA FÍSICA.

P.S.: Quando o livro for lançado, eu atualizo o post.


FONTES:

https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/maioria-dos-casos-de-violencia-sexual-contra-criancas-e-adolescentes-ocorre-em-casa-notificacao-aumentou-83.ghtml
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-43010109

(Resenha) O Labirinto das Almas, de Hudson Cleyton

https://www.amazon.com.br/Livro-dos-Sonhos-Labirinto-Almas-ebook/dp/B07HVVPHTT/ref=sr_1_2?s=digital-text&ie=UTF8&qid=1546369112&sr=1-2



Primeiro dia do ano e já tem resenha? Sim! Porque o amor por livros se renova a cada ano.
O autor Hudson Cleyton me procurou no Facebook e me ofereceu o livro dele para ler. Eu não faço resenha por demanda porque não tenho tempo hábil, mas aceitei.
E foi a melhor coisa que fiz. Hudson me enviou o Livro II da Trilogia O Livro dos Sonhos. O Livro I está disponível na Amazon e eu li os dois ao mesmo tempo.
O Livro I começa com o protagonista Hugo vivendo sua vida normal, com seus amigos, Rose e Diego, a avó e a escola. Mas com a passagem dos capítulos, depois de receber um livro misterioso, Hugo descobre sobre o passado dos seus pais, inclusive sua mãe, que desapareceu quando ele era pequeno. Hugo tem sua história ligada ao Reino dos Sonhos, que corre perigo, sob a ameaça do Mestre das Sombras. 
Em O Labirinto das Almas, Hugo continua preso no Reino dos Sonhos, resistindo ao Mestre das Sombras. Ele descobre mais sobre sua mãe e o seu passado. A história se divide ainda entre as histórias de Lenny e Nathaly, uma antiga amiga do protagonista(sobre a qual não posso falar muito, devido a revelações do enredo de O Livro dos Sonhos). As garotas lidam com os arrependimentos de suas escolhas e com as consequências da maldade do vilão.  Os amigos de Hugo, Rose e Diego, no mundo real, se preocupam com ele enquanto sonhos estranhos começam a ocorrer a Rose. 
O mundo fantástico de Hudson é rico em detalhes e se desenvolve muito no segundo volume, deixando a curiosidade para o desfecho mais aguçada. Podemos ver os deslumbres de influências de Harry Potter, As Crônicas de Nárnia e O Senhor dos Anéis e é muito bom descobrirmos esses talentos na nossa literatura juvenil. 
Clique nas imagens para ver os livros na Amazon.
Twitter: @Hudson_Cleyton