Rosa e Escórpio – Entre a serpente e a espada Parte I

Lumus! Olá, pessoal! Escrevi essa fanfic só para me divertir, depois resolvi postar aqui. Espero que gostem! Um aviso: se você não gosta de romance, procure outra história. Aqui você NÃO vai encontrar grandes aventuras, duelos com monstros ou essas coisas. Sinto muito.

Exercitando a Criatividade
Fanfic de “Harry Potter”
Rosa e Escórpio – Parte I

Rosa estava saindo da aula de Transfiguração quando ouviu alguém chamar seu nome. Quando virou-se, viu o garoto loiro, de olhos azuis com quem geralmente vivia brigando, vindo em sua direção.
– Oi, Malfoy – disse ela, tentando parecer displicente.
– Ahn... Posso falar com você? – perguntou o garoto.
Rosa olhou para Alvo, seu primo, e Mary Jordan, sua amiga, ao lado dela e hesitou.
– A gente se encontra no Salão Principal – disse Alvo. Mary piscou para Rosa e eles saíram junto com os outros quintanistas.
– Vem aqui – falou Escórpio, segurando a mão de Rosa e levou-a na direção oposta a do Salão Principal.
– Fala logo, Malfoy – Rosa aborreceu-se. – Eu tenho que almoçar e ir à biblioteca antes da aula de Herbologia. Esses N.O.M.s estão me deixando maluca.
O garoto parou em um corredor deserto e virou-se para ela, sorrindo. – Você vai passar nos N.O.M.s mesmo se fizesse os exames de olhos fechados – Rosa meio que sorriu. – E para de me chamar de Malfoy, Weasley - eles riram.
– Ahn... tá. Fala logo o que você quer – Rosa jogou os cabelos castanho-avermelhado para trás. Escórpio pareceu distraído. Depois pigarreou:
– Hum... ahn... Próximo fim de semana em Hogsmeade... é... - ele parou, vermelho. Por que estava nervoso? Nunca ficara nervoso conversando com Rosa antes.
– Quê? - incentivou a garota.
– Bom, aceita sair comigo no próximo passeio a Hogsmeade? – Escórpio falou rápido e esperou, ansioso.
– Ahn – disse Rosa. – O.k., eu aceito.
Escórpio sorriu. – Ótimo. Tá bom, então. – Eles olharam-se por um tempo, depois Rosa saiu andando para o Salão Principal. Escórpio andou rápido para acompanhá-la. Eles desceram a escada de mármore para o Saguão. Ao chegarem ao Salão, eles sorriram um para o outro e se dirigiram à mesa de suas respectivas Casas.
Quando Rosa sentou-se à mesa da Grifinória, Mary perguntou: – E aí, o que Escórpio queria?
– Me convidar pra sair - disse Rosa, sorrindo.
– Tipo um encontro? - perguntou Lílian Potter, prima de Rosa.
– É, suponho que sim.
– Finalmente - disse Molly, outra prima de Rosa, ao lado de Lílian.
– Sortuda você - disse Pixie McLaggen, colega de Lílian, sentada ao lado de Hugo, irmão de Rosa, depois de Molly. - Escórpio é, tipo, o cara mais lindo da escola.
– Puft - fez Hugo. - Tá precisando de óculos, garota? - Pixie olhou para ele, indignada, mas o garoto continuou para irmã: – Se você sair com aquele b... (Hugo! - disse Lílian, repreendedora), eu vou mandar uma coruja pro papai.
– Não, se eu lançar um Feitiço da Memória em você - disse Molly, puxando a varinha.
Hugo ficou olhando aborrecido para Escórpio, à mesa da Sonserina. O outro não parava de olhar para Rosa, que estava de costas para os sonserinos.
No sábado, Escórpio estava parado no primeiro patamar, no alto da escada de mármore, esperando Rosa. A garota apareceu, acompanhada por Lílian e Mary, alguns minutos depois. Escórpio sorriu para Rosa. Ele tirou duas rosas do buquê que carregava e deu uma para Lílian e outra para Mary. Elas agradeceram.
– Pra você – disse Escórpio, estendendo um ramalhete de rosas azuis para Rosa.
– Obrigada - disse ela.
– A gente se vê – Mary e Lílian despediram-se e desceram a escadaria.
– Tem uma fadinha na flor do meio - disse Escórpio, enquanto desciam. - Você disse que gosta, né?
– Ah, é linda! – disse Rosa ao ver a fadinha brilhando, olhando para ela, no meio do botão. A fada voou, rodou sobre a cabeça de Rosa, pegou um dos cachos do cabelo dela e depois o soltou, fazendo o vermelho brilhar. – Legal!
Filch, muito magro e velho, estava parado na frente da porta, com sua assistente, Betzaida Briston, uma bruxa gorda com um queixo enorme e cara enfezada. Ele olhou, piscando para Escórpio e Rosa, tentando ver quem eram.
– Escórpio Malfoy e Rosa Weasley – disse o garoto, alto. Filch olhou o pergaminho com a lista dos alunos que poderiam sair, bem perto do rosto. Betzaida indicou os nomes para ele.
– Ah, tá. Podem ir – disse Filch.
Escórpio estendeu o braço para Rosa, que entrelaçou o braço dela no dele. Eles desceram os degraus de entrada do castelo e o frio os atingiu. O céu estava cinza-pálido. Rosa tirou a varinha do bolso da capa, apontou-a para as flores, disse “Reducto” e as rosas azuis diminuíram. Ela colocou-as no bolso e a fadinha ficou debruçada na abertura como se estivesse em uma janela.
– Escórpio – disse Rosa, enquanto caminhavam pela estradinha para Hogsmeade. Ele olhou para ela. - É verdade o que disse no sábado?
– O que você acha? - perguntou Escórpio e Rosa encarou os olhos azuis dele. Eles sorriram um para o outro.
Evelyn Pucey, uma garota da Sonserina, de cabelos pretos, passou por eles e os olhou com desprezo. Ela e as amigas saíram, cochichando.
– Que você acha de ir à sorveteria? Tá muito frio? – perguntou Escórpio.
– Acho que uma torta gelada de ruibarbo, com calda quente de caramelo, será uma boa – disse Rosa, sorrindo.
– É por isso que eu gosto de você, ruivinha – falou Escórpio, sorrindo também.
Havia uma filial da Florean Fostescue, ao lado do Cabeça de Javali. Geralmente havia várias mesas com sombreiros na calçada, mas com a ameaça constante de chuva, no mês de fevereiro, hoje não havia nenhuma.
Escórpio abriu a porta e deixou Rosa entrar primeiro. Eles sentaram-se e uma moça veio anotar o pedido deles.
– Sabe, eu fiquei com medo de você não aceitar meu convite - disse Escórpio, tirando o gorro e ajeitando o cabelo.
– Por que?
– Porque a gente já brigou tanto e temos nossos pais querendo nos manter longe um do outro.
– Eu sei que estamos cutucando um dragão adormecido - disse Rosa, sorrindo.
– Dois, você quer dizer – disse Escórpio, quando a garçonete trouxe o pedido. – Obrigado - Eles agradeceram e ela saiu.
– Sabe o que reparei? – disse Rosa, depois de comer a primeira garfada de torta. Escórpio olhou para ela. - Você está usando o cabelo arrumado, no último mês.
– Eu prometi que se você ficasse bem e saísse do hospital, quando foi atacada em Dezembro, eu sempre manteria o cabelo arrumado - falou o garoto. - Sei que não gosta dele bagunçado.
Rosa sorriu. - Ficou com medo de que eu morresse?
– Se você morresse - Escórpio inclinou-se na direção dela -, eu morreria também. Seus rostos ficaram bem próximos, mas Rosa viu a porta abrir-se, por cima do ombro de Escórpio.
– Ah, não – ela se escondeu atrás do cardápio.
– Que foi? – perguntou Escórpio, confuso.
– Tio Jorge acabou de entrar – murmurou Rosa. Jorge fez uma linha reta até a mesa deles.
– Olha se não é a Rosa... – disse ele e Rosa abaixou o cardápio – ...com o jovem Malfoy, quase se beijando – Rosa ruborizou. – Já pensou se seus pais pegam vocês aqui?
– Mas... – começou Rosa.
– Coincidência ou não, os dois estão no povoado, se quer saber – disse Jorge. – Vão, o que estão esperando? Eu pago.
– Valeu, tio! – disseram os dois. Rosa pegou a mão de Escórpio e o arrastou para fora da sorveteria. Eles pegaram o caminho de volta a Hogwarts e só pararam de correr no Saguão de Entrada, respirando, ofegantes. O castelo estava quase deserto, então eles subiram a escada de mármore, correndo.
– Aqui – Escórpio puxou a garota para um corredor estreito, onde só havia janelas. Ele encostou-a na parede e eles sorriram um para o outro. – Prefiro seu cabelo liso – Escórpio enrolou um cacho do cabelo de Rosa.
– Victorie inventou um feitiço para criar pontes nos fios e fazê-los ficar... – Escórpio estava inclinado para ela e Rosa fechou os olhos. Seus lábios iam se encontrar...
– IMPEDIMENTA! – Uma rufada de vento passou por Rosa e ela abriu os olhos. Escórpio estava caído a uns dois metros. Ela correu para ele, ajoelhando-se ao lado do garoto.
– Ah, meu Deus, você tá bem?
Rosa olhou para esquerda e viu seu irmão parado mais adiante, com a varinha na mão. Lílian, Alvo e Mary apareceram, correndo. Escórpio levantou-se e sacou a varinha...


 Obrigada por ler! Se puder deixar um comentário, eu ficaria muito feliz! Mande uma cartinha pela coruja Comentários aí abaixo. Knox!

Não romantizem a violência sexual!

Certo dia eu estava em um grupo do Facebook e tinha uma menina desabafando sobre uma fanfic. Para quem não sabe, fanfic é uma história criada por fãs, com os personagens de suas séries, livros, etc. preferidos. Ela falava que uma dessas histórias retratava uma violência sexual e colocava a culpa na vítima, por ela estar bêbada. Fiquei pensando sobre isso, principalmente porque estava assistindo à novela Fatmagul e por causa de uma história que estava escrevendo.
Tive certeza que deveria escrever esse texto, depois de assistir a um vídeo da Danny Boggione, do Canal Sobrevivendo na Turquia. Ela falou sobre a falta de interpretação das pessoas em relação às novelas turcas.
Eu, sinceramente, não sabia que existiam novelas turcas, nem que elas faziam tanto sucesso na América Latina. Minha irmã me falou sobre "Mil e uma noites" e eu perguntei sobre o enredo, se a protagonista usava véu. Essas coisas que sabemos superficialmente sobre "os países do lado de lá". Verdade que estudei sobre a Turquia na sétima série, eu acho, mas não lembro de nada.
Passou. Até que um dia a TV estava na Band e eu vi um trecho de Fatmagul. Aquele drama todo me chamou a atenção. No dia seguinte eu pesquisei sobre e comecei a assistir. Vi todos os capítulos já lançados em português e concluí assistindo aos episódios em espanhol.
Esse é um resumo da minha história com as novelas turcas, mas não é sobre isso que quero falar. Mas sobre o quanto elas romantizam a violência contra a mulher e os espectadores não percebem.
Fatmagul(cujo título é o nome da protagonista) conta a história de uma moça que é estuprada por três rapazes(Selim, Edorgan e Vural) e um que não participa do ato, mas não impede os outros(Kerim). Depois de ser ameaçada pelo advogado dos três primeiros, que são muito ricos, e sofrer pressão psicológica também da cunhada, Fatmagul se casa com Kerim para "salvar sua honra".
Para quem está achando loucura, na Turquia é assim. Existem os chamados crimes de honra*. As mulheres que são violentadas são "manchadas" e muitas famílias preferem matá-las ou elas são obrigadas a casar com o violentador. Parece irreal para nossa realidade, mas... Vamos continuar.
Agora a Band está exibindo Sila. Ela é obrigada a se casar com Boran, o líder de um clã, porque seu irmão mais velho foi descoberto em uma relação ilícita com a irmã de Boran. Para não haver a morte do casal, houve uma troca de noivas. Não vou me alongar. O fato que quero ressaltar é que Sila não sabia que teria que se casar. Ela foi adotada quando pequena e depois de muitos anos, seu pai biológico volta, a engana e a leva de volta a sua terra natal para se casar com um estranho. Algum tempo depois, Boran, embriagado, obriga Sila a consumar o casamento.
Por serem casados, parece que não foi violência. Parece.
Agora, por que essas novelas fazem tanto sucesso no Brasil? Por que algumas mulheres estão apaixonadas por esses personagens? Eles são bonitinhos, mas há uma diferença entre atores e personagens. E não estamos aqui para assistir, ler, ouvir e achar tudo lindo, sem senso crítico.
Acho que esse fascínio cego vem de uma cultura com um quê de moderna e anti-violência contra mulher, mas enraizada no machismo. Ouvir dizer que mulheres gostariam de ser a Sherazade(de Mil e uma noites), Fatmagul e Sila é concordar com a submissão a maus-tratos e violência por causa de um cara bonito e um suposto amor.
A violência sexual não pode e não deve ser romantizada! Ela destrói a autoestima, o amor próprio, o senso de valor da mulher e até ela superar tudo isso não são apenas alguns meses como em uma novela. Leva anos, uma vida. Algumas nunca superam.
Eu estava trabalhando em uma história e um dos casais tinha uma história bem complicada que estava me desafiando em vários sentidos. Até eu perceber que a maneira como eu havia desenvolvido, chegaria a meu objetivo, mas havia algo ali que era de certa maneira uma violência contra a personagem e eu pisei no freio. Reavaliei e conduzi por outro viés.
O que quero dizer é que como espectadores, leitores ou escritores temos que ter em mente que nem tudo colocado sob uma ótica romântica merece ser romantizado. Os subtítulos das novelas trazem "Força do Amor" e "Prisioneira do Amor". Realmente, força é o que Fatmagul precisou ter para enfrentar homens poderosos e fazer justiça, para se superar, perdoar e tentar levar um casamento forçado. Prisioneira é o que de fato Sila é. Presa a um sistema de mentiras, a um casamento arranjado e ao perigo de ser morta a qualquer instante por ter "quebrado as regras". 
É muito fácil sermos influenciados, se não estivermos de olhos abertos e com as anteninhas críticas ligadas. O ser humano tende a se adaptar, se acostumar com algumas coisas. Isso inclui achar normal a violência doméstica, sexual, as músicas que denigrem a imagem feminina... Longe de feminismo ou qualquer outra bandeira partidária, mas como diz Alanis Morissette "essas são as versões da violência, às vezes subentendidas, às vezes claras". Até onde vai a linha tênue que divide o romance, de uma realidade violenta maquiada, tentando nos convencer que é amor um caso grave da Síndrome de Estocolmo?

*Crimes de honra são aqueles causados por qualquer comportamento que a família considere desonroso, incluindo relacionamento homossexual, relações fora do casamento, mulheres que abandonam a casa do marido ou até mesmo uma moça que seja vista conversado com um rapaz. Saiba mais em:


Excelente texto. Demorei um pouco para fazer a leitura, mas isso não poderia mesmo ter acontecido em outro dia. Hoje mesmo tivemos a notícia de um estupro coletivo sofrido por uma menor; como se não bastasse a barbárie, os criminosos ainda publicaram fotos e vídeos do ato na internet debochando da vítima. Diante disso, como encarar como "mimimi" toda problematização que vem sendo feita em torno dos direitos das mulheres?

Concordo com você sobre a urgente necessidade de sermos críticos em relação ao que vemos e ouvimos, é triste ver a mídia reforçando, ainda que indiretamente, prisões que já deveriam ter sido rompidas.

Um bom feriado para você. Abraço!

Vida de escritor(a): E a aposentadoria? #Sério?


J.K. Rowling(se você não conhece, é a mente brilhante por trás de Harry Potter. Não conhece Harry Potter? Não fale comigo!) Brincadeira. Voltando. J.K. Rowling nunca disse aos pais que queria ser escritora. Porque, segundo a própria, seus pais perguntariam: " E a aposentadoria?"
Estamos juntas nessa, tia Jo. E muitas outras pessoas que sonham em ser escritores(as) devem passar por isso. 
Claro, se sua família é de classe média ou baixa, eles querem que você mantenha os dois pés no chão e não saia por aí voando com seus sonhos. Nossos pais trabalharam(trabalham ou tentaram) por um plano de aposentadoria. E eles preocupam-se com nosso futuro.
Eu estava pesquisando editoras e me deparei com o blog de uma escritora. Ela contava que vira um anúncio de um concurso literário e só tinha um mês para escrever o livro. Então, ela deixou o emprego para fazer isso...
Aí eu na frente do computador.


O quê? Se eu fizesse isso, seria xingada, amaldiçoada, excomungada! Seria a guerra da Capital contra o Distrito 12. Eu sendo o Distrito 12. #exagero
Quem quer ser escritor(a) em tempo integral, sabe. Se disser isso, as pessoas olham para você de um jeito estranho. Louca! Tá usando alguma substância. Maluco! Vai morrer de fome.
Seus pais te perguntam como vai viver disso, no futuro. Nunca vai ter garantia de aposentadoria.
Tem uma família que te apoia totalmente em sua carreira literária?


Eu não defendo você parar tudo para escrever. Se pode, ótimo! Devemos estudar, sim, e ter um plano B. E trabalhar enquanto não acontece. Até porque muitas vezes temos que pagar para publicar. #triste
Mas não podemos nos acomodar. Nem desistir do sonho pela visão pessimista dos outros. Até porque do jeito que vai o Brasil, não sabemos até quando vai resistir a Previdência Social. Estão, cada vez mais, arrochando(desculpe a palavra) o trabalhador.
Podemos, sim, viver de vender livros no Brasil. Há muitos exemplos no mercado editorial. É só continuar tentando. Escrever nos minutinhos disponíveis entre as aulas, à noite, nos fins de semana. Até no trabalho, se for possível(escrevi esse texto no trabalho #quecoisafeia #tinhanadaprafazer) O que vale é não desistir. E, bom, se é muito importante, descobrir outras possibilidades de plano de aposentadoria.

Soraya Freire é escritora, gestora ambiental e estudante de Letras. Já pensou em desistir, várias vezes, mas sempre segue em frente, em busca do sonho.

A saga das editoras brasileiras: A Contradição


Eu escrevi um livro, no fim do ano passado, e estava preocupada com os nomes das personagens principais, Carly e Lucy. Finalmente estava vencendo o bloqueio de escrever uma história na minha cidade, no interior da Bahia, mas os nomes das meninas tinham vindo esses e eu estava preocupada. Será que as editoras achariam muito “internacional”? Também assisti a um vídeo do Cabine Literária, com dicas para novos escritores. Uma delas dizia que como escritores brasileiros, escrevendo para um público brasileiro, deveríamos ambientar a história em uma cidade brasileira, com pessoas com nomes em português.
Ok. Eu provavelmente já naveguei em quase todos os sites de editoras brasileiras(#muitotrabalho #difícil #desespero). Algumas delas, que dizem dar espaço a novos autores, dão essa mesma dica. Porém,(e agora vou chegar à contradição), se observarmos bem, elas não publicam histórias assim.
Se observarmos os nomes que têm emergido no mercado editorial, como Carolina Munhoz, Lu Piras, Samanta Holtz, Carol Sabar... os romances delas não chegam perto da realidade brasileira que as editoras pedem(ou dizem pedir).
Bom, eu só li um livro da Carol Munhoz(que se firmou na fantasia pós-HP/Crepúsculo) e um da Samanta Holtz(recheado de referências a Sparks e Green); os outros folheei e li a sinopse(estão na lista de leituras futuras). Não estou aqui falando da qualidade do texto das autoras, mas sim da postura das editoras. Por favor.
O fato é que os nomes, as temáticas, os lugares giram em torno de best-sellers internacionais, no encalço de Harry Potter, Nicholas Sparks, John Green(e nem vou comentar a enxurrada de publicações eróticas depois do sucesso da sra. James).
O que eu quero dizer com isso tudo? Meu livro é totalmente brasileiro? Não tem influência da literatura inglesa? Não, definitivamente não. Sou Potterhead assumida e, sim, meus livros têm influência de J.K. Rowling, Stephenie Meyer e Nicholas Sparks. Mas eu não nego isso.
Quando eu publiquei meu primeiro livro, fui a uma escola da minha cidade, para apresentá-lo. Eu sou muito tímida, entrei quietinha e acho que não ouviram meu bom dia. Uma das alunas perguntou à professora se eu era brasileira. Ou seja, estamos tão acostumados com autores internacionais, que é meio surreal imaginar pessoas brasileiras publicando um livro. 
As editoras não são bobas. Elas sabem que para estar na vitrine ao lado de Emily Giffin, Nicholas Sparks e John Green(ao falar de romance), elas precisam de uma capa que pareça as edições americanas, os resumos devem trazer nomes que fiquem no meio-termo e têm que despertar o interesse de leitores/consumidores, que em sua grande maioria, preferem Literatura Estrangeira.
Para concluir, eu diria que isso é ruim? Não sei. O que eu sei que não devo ficar obcecada com construir uma história regionalista. Mas sabe o que seria bom? Uma postura unilateral das editoras. Ao invés de colocarem um texto bonitinho de apoio à Literatura Brasileira, deveriam assumir: “Escrevam uma história com vários elementos dos atuais best-sellers mascarados com algo brasileiro(ou nem se deem o trabalho; mande o personagem para o exterior) e, provavelmente, será escolhido para publicação.”
Um pouco de honestidade seria bom para variar.


Soraya Freire é gestora ambiental, estudante de Letras, escritora e não gosta de contradições.


(Resenha) Um amor para Johan, de Amanda Bonatti



A continuação de “O Bosque das Faias” nos lança novamente na França do século XIX e na escrita de Amanda Bonatti.
Como o título revela, a narrativa se concentra em Johan, o irmão mais novo dos Motier. Quem leu “O Bosque de Faias” sabe que Johan é um bon-vivant, que não se apega a ninguém e engana a irmã de Joanna, Sophie, com promessas vazias de casamento.
Nesse novo romance, o rapaz reencontra uma amiga de infância, Annemarie. Ele vê nascer, então, um sentimento puro e cálido, como nunca sentira. Mas algumas complicações surgirão. Há no passado de Anne um grande segredo, que nem mesmo ela sabe. Já Johan deve fazer as pazes com o seu próprio.
Como subplot, temos a história da irmã de criação de Anne, Eleanor. A moça é cega e a família não acredita que ela possa se casar. Quando um possível noivo da irmã mais nova, Genevieve, aparece, o destino pode mudar.
Senti falta de um final mais consistente da história de Eleanor e Thierry, mas nada rouba a candura e o encantamento da relação dos dois. Quem sabe não podemos ter um terceiro romance.
Um amor para Johan segue na escrita bem pensada, rica em detalhes, repleta de cenários bucólicos que Amanda sabe desenvolver bem. Os personagens possuem backgrounds interessantes, personalidades fortes e todos contribuem apropriadamente para o desfecho.

Às vezes, falta apenas uma pessoa e parece que o mundo inteiro está despovoado 
– Alfonse de Lamartine


Soraya Freire é escritora, gestora ambiental, estudante de Letras-Inglês e ama romance de época.

(Resenha) Às Vezes, de Marlon Souza


O livro de Marlon Souza, "Às Vezes", conta a história de Téo, que após uma noite com uma garota, em uma festa, descobre que contraiu o vírus HIV.
O mundo de Téo vira de cabeça para baixo, como seria de se esperar. Depois de um período de depressão e negação, Téo, com a ajuda dos pais e do melhor amigo, João, decide seguir a vida, tomando a medicação todos os dias e indo à terapia.
Ao começar o curso de Jornalismo, Téo conhece Ana. A relação dos dois se desenvolve para amizade e depois em romance. O rapaz sabe que precisa contar a verdade à namorada, mas tem medo do que pode acontecer. Além disso, ele tem que lidar com o preconceito da família dela.
Marlon traz um olhar essencialmente jovem, puramente real e afavelmente sentimental para um tema muito sério.
Enquanto lia, recordei os livros que lia para as provas de Literatura, no tempo de colégio. Se para alguns esse momento era chato e complicado, para mim, eram momentos de descobrir novos autores, a maioria brasileiros, e desfrutar histórias muito interessantes.
A obra de Souza se mostra uma escrita bem trabalhada, concisa, sem ser incompleta, sem juízos de valor e nos revela mais um talento da literatura jovem nacional.
Eu ganhei "Às Vezes"; uma doce surpresa do meu Príncipe Erik. Deixo meus infinitos agradecimentos pelo presente. E ao autor, por tal contribuição às nossas estantes e à nossa cultura.

Página oficial do autor >> https://www.facebook.com/marlonsouzaescritor/

Soraya Freire é escritora, gestora ambiental e estudante de Letras-Inglês. E amou a surpresa que foi ganhar e ler "Às Vezes".

(Resenha) O bosque das faias, de Amanda Bonatti




Quando vi a capa de "O bosque das faias", de Amanda Bonatti, me apaixonei de imediato. Eu amo romances de época.
O romance conta a história de Joanna Hour. No século XIX esperava-se que as moças se casassem muito jovens e com homens ricos. Joanna encontra-se em conflito com os pais que exigem que ela se case e rápido. Sua irmã mais nova, Sophie, preocupa-se que ela não possa se casar antes que a mais velha se case.
É quando aparece o jovem herdeiro Philllip Motier. Ou melhor, alguém que a família Hour confunde com ele. O rapaz, na verdade, é Alexandre Franz, criado de Motier, que veio entregar-lhes um convite para o baile de boas-vindas da nova família da vila.
Quando Phillip chega ao povoado, com seus irmãos mais novos, causa um alvoroço. Todas as famílias consideram-no um bom partido. E quando os Hour descobrem a mentira de Franz, agravada por uma armação de Sophie, tudo se complica. 
Joanna vê-se dividida entre o novo sentimento da paixão e sua ânsia por liberdade. 
Entre mal-entendidos, dissimulações  e grandes paixões, esses jovens apenas buscam algo grande que se chama amor. Cada um o define e sente diferentemente mas objetivam o mesmo: a felicidade.
A escrita de Amanda Bonatti nos põe na França do século XIX, com uma linguagem refinada sem ser excessivamente culta. Senti falta de mais expressões em francês, mas isso não diminui em nada a qualidade do texto. 
Embora seja uma história longa, com muitos personagens, Amanda controla com esmero cada sub plot, mantém os protagonistas em uma linha rápida e bem desenvolvida. Não percebemos enquanto o enredo se desenvolve e as páginas vão passando em um movimento leve. Alguns escritores encaixam-se em determinados estilos. Amanda Bonatti sabe bem o que está fazendo. E sua maneira doce e delicada de escrever e de tratar o público se encaixa perfeitamente no nicho dos romances de época.


Soraya Freire é escritora, gestora ambiental, estudante de Letras-Inglês e ama romances de época.



Soraya, que feliz surpresa a sua resenha! Adorei! Muito obrigada pelo carinho e por suas palavras. Resenha perfeita! Grande beijo, Amanda.

(Resenha) Enquanto eles não vêm, de Robson Gundim


Toda vez que eu leio um livro de Robson Gundim me pergunto se eu tenho capacidade para fazer uma resenha e, ao mesmo tempo, sei que preciso falar sobre.
O novo romance policial, "Enquanto eles não vêm", segue os policiais David e Lívia em uma aventura para solucionar o mistério que cerca o povoado de Paraíso Florestal. Apelidado carinhosamente de "verdinho" pelos fãs e pelo autor, o livro desponta como uma ficção científica nacional de alto-padrão. E se Robson, sendo estudante de cinema, escreve com a agilidade de um roteirista, não é muito difícil imaginar essa história na tela grande. 
A história, como todas as outras do autor, traz um contexto histórico. Um pouco depois do incêndio no Palácio de São Cristóvão, também conhecido como Museu Nacional, eu li a parte do diário de Samanta Mombach, em que ela narra a visita ao Museu, na década de 70. Ficção e realidade se chocam de maneira contundente.
"Enquanto eles não vêm" nos mantém em um linha tênue de suspense, mistério e drama. A busca frenética pela verdade e a luta contra a morte iminente nos fazem perder o fôlego. No decorrer da história, somos apresentados à estranha família Mombach. Com fragmentos de jornais antigos, livros e diários, ficamos mais perto da solução enquanto a loucura aumenta. E quando chegamos ao final, nos perguntamos se teremos uma continuação. O mundo estará perdido com a ameaça de contaminação? Como exatamente começaram as experiências dos Mombach? Os habitantes de Paraíso Florestal foram todos  exterminados?
Eu posso ser suspeita para falar da escrita de Robson, mas ele se supera a cada nova obra, tornando-se um autor de qualidade, desdobrando-se em diferentes estilos, sem se afastar do que o define: narrativa fluída, bem escrita e regada de maravilhosas ilustrações. 

Soraya Freire é escritora, Gestora Ambiental, estudante de Letras-Inglês e fã da narrativa de Robson Gundim.

(Resenha) Teia de Vidro, de Aurelio Nery



"Da mesma forma que a história de um livro não vive sem os seus leitores, 
uma lembrança também não vive sem aqueles que a guardam na memória."
Aurélio Nery

Quando eu comecei a ler “Teia de Vidro”, de Aurélio Nery, não me sentia à vontade. Sou cristã daquelas mente fechada, não vou mentir. Nunca li um “Romance gay”. Mas quando nós vamos além dos preconceitos podemos descobrir um mundo fantástico.
Teia de Vidro se passa em um mundo futurista, “pós-apocalíptico”, onde a Terra foi praticamente destruída. No Arranha-Céu, uma estrutura espacial, uma pseudo-Terra, moram os descendentes dos Terráqueos. Aos cinco anos, algumas crianças são escolhidas para morarem no Núcleo, estudarem e se profissionalizarem. Um desses estudantes é Hunter Lima. Ele é um cara curioso, que se vê tentado pelo novo professor e Destruidor(espécie de guarda do Núcleo), Ícaro Medrado. O sr. Medrado é misterioso e está ligado ao Projeto 69. Hunter decide, então, descobrir o que ele esconde. Enquanto isso se preocupa com seu amigo, Caio, que é viciado em Alucinógenos. Essas drogas podem tornar a pessoa um Infectado. Então ela será banida e terá que voltar à Terra, onde o Vírus domina tudo. Hunter também acredita ser um Infectado.  


Há muitos detalhes no intrincado enredo criado pelo autor, mas, claro, que não posso contar tudo. Durante a leitura, vemos os vislumbres das influências de Harry Potter e Jogos Vorazes. A escrita se mantém em um nível alto, com descrições concisas, bom uso de adjetivos e advérbios. Há um pequeno deslize no uso do “lhe”, porém nada que prejudique o enredo.
Os personagens são descritos em situações em que comem feijoada e cuscuz. E você pode pensar: “What the f...!?”, mas é daí que vem a genialidade de Nery. Vemos a influência norte-americana, mas ele mantém a conexão com a cultura brasileira e traz uma distopia para nosso continente, com o nosso jeito, nosso regionalismo.
Já ouvi comentários sobre Jogos Vorazes, que a história era ótima até que a autora colocou romance. Poderia dizer a mesma coisa sobre Teia de Vidro, porém não sejamos hipócritas. Tirando raras exceções, todos estão procurando romance. E a história de Aurélio Nery se desenvolve não por causa do romance, mas através dele. Enquanto eu me preocupava com o romance gay, isso é apenas um detalhe. Assim como na vida. Ninguém se define por sua homoafetividade, a cor da pele, a condição social, a religião. Não sou do tipo ativista pelo direito das minorias e não vou dizer que sim para ser politicamente correta. Mas sou ativista pelo direito de ser e deixar ser, pelo respeito e pelo amor nas nossas relações com o outro.
Enquanto leitora, deixo que a história fale por si, me alargue a visão e até me dê inspiração(estou pensando em me dedicar à minha distopia agora). E fico à espera do segundo volume da história de Hunter. Porque para nossa sorte, esse mundo fantástico ainda será muito explorado e mais surpresas virão.
Cochicho: Hunter não é o que você pensa. 

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Soraya Freire é escritora, gestora ambiental e estudante de Letras-Inglês. E anda aprendendo um bocado com a vida e, claro, com a literatura.

(Resenha) Sacanas do Asfalto, de Robson Gundim


É sempre complicado falar sobre a escrita de algum amigo, pois é muito fácil recorrer à subjetividade. Ok, para mim, leitura, de qualquer modo, é muito subjetiva.
Sacanas do Asfalto é o quarto livro solo lançado pelo escritor Robson Gundim. Começa com três jovens que viajam para encontrar alguns amigos e curtir as férias. Os três são estudantes de Cinema, mas nunca imaginaram que estariam prestes a se envolver em uma trama digna das telonas. Rob, Arthur, Teh e seus amigos são confrontados por uma gangue, que decide matá-los, sem motivo. Depois de ficarem devendo favor a um traficante de drogas, parte deles é mantida em cárcere privado enquanto outros devem arriscar a vida e buscar uma grande quantidade de drogas.
O texto segue um ritmo ágil, cheio da linguagem apurada de Rob, já conhecida dos seus leitores. O que surpreende é a linguagem mais moderna dos personagens, condizente com o tempo em que a história ocorre, nos dias atuais. Mas com as antigas histórias de piratas, estávamos acostumados com uma linguagem mais formal. E é aí que reconhecemos a qualidade do autor: sua capacidade camaleônica de se ajustar a cada novo cenário, tempo e personagens que escolhe.
Muitas vezes, realidade e ficção se misturam. Alguns nomes de personagens são emprestados de amigos de Rob, além do principal, que é inspirado no autor e carrega seu próprio apelido. Os fiéis escudeiros dele são Arthur e Teh, inspirados nos reais Arthur e Stefani que comandam com ele o Canal Nerd Killers, no Youtube. Criar personagens inspirados em amigos e na sua vida, transformando-a em algo épico é a arte que todo escritor domina(ou deveria). É o que o torna mais interessante, sair do lugar comum para o extraordinário, sem tirar os pés da terra.
Depois de “rasgar seda”, vamos ao que realmente importa. O que eu pensei do livro, o que vi nas entrelinhas e se gostei.
A história é inspirada nas obras de Quentin Tarantino e eu não posso atirar pedra, pois eu amo JK Rowling e tudo meu tem um pouco de referência a ela. Porém, em muitas passagens, é possível sentir algo dos filmes nacionais e personagens que encontraria neles. Gundim segue sua narrativa de maneira eletrizante e seria interessante vê-la como um roteiro.
Os personagens são figuras típicas do realismo brasileiro moderno: jovens bonitos, políticos corruptos e traficantes. E aqui vemos uma pequena crítica social, a facilidade com que o crime e o tráfico assolam o Brasil, devido à corrupção, impunidade e a falta de fiscalização policial.
O que me incomodou um pouco foram as personagens femininas, carregadas de sex appeal, demonstrando sua força pela violência, enquanto outras são totalmente vulneráveis. Porém, quem sou eu para falar de estereótipo quando caio facilmente no clichê romântico.
Sacanas do Asfalto recordou-me de livros que lia na escola, como O imperador da Ursa Maior e A infância acabou. Aquele momento em que eu era arrancada da minha zona de conforto, embala pelos romances e fantasias, e era confrontada com a dura realidade que existe no mundo; como a juventude do Brasil é espreitada pelo lobo mau da corrupção, drogas, prostituição e violência.
As ilustrações, feitas pelo próprio autor, são um recurso à parte, que torna o trabalho de Robson ainda mais admirável e o único defeito é não ter mais delas. Ele segue um estilo realista, equivalente às histórias em quadrinhos americanas e homenageia os amigos de forma cândida.
Para quem não gosta de um estilo mais realista não se sentirá agraciado(a) pela leitura de Sacanas do Asfalto, mas digo que cada leitura nos traz mais conhecimento de mundo, de vocabulário e mais argumentos para discussão. Os livros de Robson têm essa qualidade.

Soraya Freire é escritora, gestora ambiental e fã da escrita de Robson Gundim.

1 comment:

  1. Obrigado por ter se entregado a leitura, So! Apesar do livro ser diferente do estilo que você está mais habituada a ler, fico contente por ter gostado! =) Bjão!