(Resenha) Virtual mente, Pretho Souzza


Elon, o personagem principal de Virtual mente, de Pretho Souzza, é, como diz Dani Delanos, um "punheteiro de internet". Uau! Como asim? Pelo menos, à primeira vista, quando você termina a narrativa.  Mas vamos lá!

 

No começo ele parece ser um rapaz tímido que é secretamente(ou nem tanto) apaixonado pela amiga Giovana. Eles conversam muito por mensagens de Whatsapp e também pessoalmente. À medida que tomam intimidade, o conteúdo das conversas se torna mais sexual, embora Giovana tenha um namorado. 

O texto curto de Souzza flui de maneira rápida, como se tivesse vida própria, carregado de diálogos e descrição das conversas. Incomodou-me um pouco a falta de profundidade na descrição dos sentimentos dos personagens, mas tive que me lembrar que estamos falando de uma novela sobre os tempos líquidos das relações virtuais. E nesse ponto o autor trabalha primorosamente. 

Temos noção das reações físicas primeiro, na velocidade dos dedos digitando, e apenas um vislumbre das emoções. É tudo muito turvo por trás das mensagens quentes, das relações breves e físicas. E é aí que volto à minha afirmação do início. Elon é um punheteiro de internet?

Ele começa flertando com Giovana, passa por Paula, colega de trabalho, e depois está trocando mensagens com uma senhora que conhece em um "grupo de putaria" do Whats. Ele tem uma personalidade galanteadora, que faz o tímido, dado a poeta e tem um objetivo. O que me incomodou muito; lembrei de uma pessoa que tive a infelicidade de conhecer.

Lembrando da história que vivi e outras que ouvi no canal da Dani, pensei nas mulheres. Não tive como ter uma opinião formada sobre Paula, mas tive uma impressão de insegurança e autoestima baixa de Giovana e Diana. E parece ser aí onde Elon se torna mais forte. 

Minhas impressões ficam em suspense, assim como a história, que termina no clímax; como os sentimentos, emoções e relações ficam no ambiente virtual.

Leia e me diga o que pensa. Fato é: um pequeno livro que deixa várias discussões. 

Link da Amazon: Virtual mente, Pretho Souzza


Minha vida evitativa - o diagnóstico de TPE

 Eu tive minha primeira crise depressiva aos 14 anos. Não que antes disso eu já não me sentisse triste, sozinha e com medo. Eu tive que parar de estudar porque eu sentia muitas dores de cabeça, não dormia e estava difícil manter os estudos. Depois de muito tempo indo ao neurologista, minha mãe, finalmente, me levou ao psiquiatra e ele me deu diagnóstico de início de depressão. Fui medicada por pouco tempo e ele disse para que eu seguisse com a psicoterapia. E eu continuei por dois anos. Me senti melhor. 

Mas ainda levaria doze anos até o diagnóstico de Transtorno de Personalidade Esquiva(Evitativa). 

Eu vivenciei crises maiores e menores de depressão nesses anos e tentei várias terapeutas. Quando minha atual terapeuta fechou, com o psiquiatra, o diagnóstico, eu nunca tinha ouvido falar nesse transtorno. Já lera sobre vários transtornos de personalidade e me identificara com vários sintomas de vários deles.

Os dois me explicaram que o TPE tinha como traços inabilidade social, sentimento de inadequação, baixa autoestima, sofrimento em interações, sintomas depressivos. Meus testes de personalidade não deram depressão como característica maior. 

Ufa! Finalmente eu sabia o que eu tinha. Mas ainda foi difícil aceitar que eu tinha um transtorno de personalidade. Minha psicóloga me disse para eu não me apegar a rótulos. 

De fato, olhando para trás eu consigo ver várias características do TPE. Nunca gostei de lugares com muitas pessoas, nunca tive muitos amigos, não saía na adolêscencia e nem na vida adulta. Na escola, eu nunca perguntava aos professores, odiava apresentações orais e aulas de educação física... Qualquer coisa que me deixasse exposta. Começar a trabalhar foi muito difícil. Lidar com o trabalho, pior ainda. 

Mas se aprende a viver com isso. Ou é obrigada. 

Resolvi escrever sobre isso porque nas minhas pesquisas na web sobre o TPE não achei relatos pessoais. Apenas artigos e páginas explicativas. 

Se você tem TPE, ou qualquer outro TP, conte para mim, nos comentários, como chegou ao diagnóstico.