Laços Capítulo Cinco

 Olá, pessoal! Mais um capítulo do meu livro Laços. Se puderem deixar um comentário para eu saber o que acharam, agradeço muito! Se quiserem adquirir um exemplar autografado, me contate em @sorayafreireoficial 

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Capítulo Cinco

Pouco depois do almoço, Carly despediu-se dos tios. Tia Salomé mandou beijos para Lucy e Tiago e pediu para dizer o quanto estavam orgulhosos da caçula. Enquanto isso, Eli chamou André de lado:

— Cuidado com minha sobrinha, viu? Não vai querer saber do que sou capaz — disse Eli, severo.

— Não se preocupe, seu Eli — falou ele. — Vou devolvê-la tão perfeita quanto foi.

André abriu a porta do carro para Carly. Ela acenou quando ele deu a partida. Carly fechou os olhos e fez uma oração, mentalmente, pedindo a Deus para protegê-los na viagem. Depois, ela pediu para colocar um CD. André falou que ela poderia colocar o que quisesse. Carly pegou o CD 19, de Adele, na bolsa, e colocou no som; pulou para a faixa três e Chasing Pavements começou a tocar. Carly mandou uma mensagem para Lucy, dizendo que estavam a caminho de Salvador.

Legal! Esperando vcs ansiosos. Boa viagem — a irmã respondeu.

Carly pegou um livro e o abriu.

Razão e Sensibilidade — falou André, depois de olhar rapidamente para Carly.

Ela olhou para o mancebo.

— Já leu?

— Não. Da Austen, só li Mansfield Park. Assisti ao filme.

— Catita, né? — ela sorriu.

André balançou a cabeça, sorrindo.

Catita? Onde você arranja essas palavras?

— Gostou do filme?

— É legal. A reunião dos professores de Harry Potter, antes de Hogwarts.

Legal? Só isso? É tão frio quanto Edward — criticou Carly.

André olhou para ela, sorrindo, e de volta à estrada.

— E você é sentimental demais, igual Marianne.

A moça olhou do livro para o rapaz. Havia uma folhinha nos cabelos de André, que ela não reparou antes. Carly esticou a mão e pegou a folha. André olhou para ela.

— Estava no seu cabelo — ela mostrou a folhinha.

— Ah, deve ser lá do sítio — disse ele.

— Como está sua vó Nita? Faz tempo que não a vejo.

— Bem. Mandou lembranças, aliás. Esqueci de falar.

Carly agradeceu e voltou ao livro. André voltou o CD para faixa três e ela sorriu.

— Começou a ler Austen por causa da Stephenie Meyer, né? — perguntou André, depois de um tempo, quando Carly fechou o livro.

— Depois tem gente que diz que Crepúsculo não é cultura. Pense em quantas pessoas leram clássicos, como O Mercador de Veneza, Romeu e Julieta, O Morro dos Ventos Uivantes, por causa da série — Carly ficou em silêncio um momento, observando a vegetação, enquanto avançavam. Ela olhou para André. — Sua mãe não quis vim? — perguntou Carly.

— Não. Disse que tinha uma reunião importante, da igreja, amanhã.

— Acha que Lu e Ti estão bem? — perguntou Carly. — Sabe, felizes.

— Acho — respondeu André. — Por quê? Ela falou algo?

— Não. Mas eles são tão jovens e... essa fase do começo, às vezes, é complicada — ela olhou para ele. — Acha que eles estavam de fato preparados?

— E quem está? — André sorriu.

— Você quase casou. Deve ter... — mas Carly parou, quando André ficou sério e mexeu-se, desconfortável, apertando mais o volante. — Desculpa, eu...

O rapaz não falou nada por uns minutos.

— Pode ter certeza que é mais fácil estar preparado para o casamento do que para ser trocado.

Carly olhou para as mãos e eles ficaram em silêncio, por alguns minutos. André sabia que Carly também havia sofrido uma decepção, mas nunca ouviu a história dela própria. Depois de um tempo, Carly abriu o site da Rádio +Music, no computador de bordo, e eles ficaram ouvindo. Até ela perguntar se eles parariam em algum lugar.

— Por quê? — perguntou André, olhando para ela.

— Preciso ir ao banheiro.

Um tempo depois, eles pararam em uma posto de gasolina. Carly olhou para André e o rapaz soube que ela não queria ir sozinha. Os dois desceram e André ficou na frente da porta do banheiro feminino, esperando Carly, segurando a bolsa dela. Havia outro rapaz parado ali, segurando uma bolsa com o desenho de uma sereia.

— O que a gente não faz por elas, né? — ele sorriu. — Já paramos umas três vezes desde que saímos de casa. Estamos indo pra casa da minha sogra... o bom da sogra é que se ela não existisse, o amor da nossa vida também não existiria, né?

André apenas assentiu, percebendo que o homem achou que ele e Carly eram um casal. Carly saiu do banheiro junto com uma moça, que sorriu para o rapaz parado junto com André. Ele reparou que ela estava em estado de graça, com a barriga formando um discreto volume sob o vestido amarelo, antes de o casal sair. André entregou a bolsa de Carly e eles foram até a lanchonete. Ele comprou um açaí com guaraná e ela, um pacote de batata-frita e um suco. Os dois voltaram para o carro.

— Não vai cochilar, hein — disse ela, olhando para ele, que tomava um grande gole da bebida.

— Sabe que eu não durmo — falou ele, colocando o copo no porta-copos e apertou o botão de ignição. — Sou quase um vampiro — André sorriu.

— Coitado — debochou ela, abrindo o pacote de Ruffles.

— Essas coisas vão te matar antes dos cinquenta anos, sabia?

— E quem quer viver mais de cinquenta anos nesse mundo infeliz? — devolveu Carly.

— Se eu não me engano reclamou que estava gorda, mês passado.

— Tá me chamando de gorda? — Carly olhou, incrédula, para André.

— Eu não disse isso, tu que disse — defendeu-se André.

Carly ficou quieta. André olhou para ela, furtivamente, e percebeu que ela ficara magoada. Sentiu-se mal por isso. Ele tomou o pacote com a mão direita; segurou-o no volante, com a esquerda, e pegou uma batata.

— Pronto, morreremos os dois — disse André. Carly não disse nada. Ele olhou para ela, rapidamente. Esticou o braço e deu uma beliscadinha na cintura dela. — Pra mim, está ótima.

— Presta atenção na estrada — falou ela, séria. Mas André continuou fazendo cócegas nela e Carly sorriu. — Para de graça, Ferreira. Acaba matando nós dois.

— Oxe, não queria morrer antes dos cinquenta anos?

Ela olhou para ele e ele para ela e os dois riram, desviando o olhar.


 

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