Olá, pessoal! Mais um capítulo do meu livro Laços. Se puderem deixar um comentário para eu saber o que acharam, agradeço muito! Se quiserem adquirir um exemplar autografado, me contate em @sorayafreireoficial
Capítulo Oito
Carly e André estavam na seção de pães integrais. Ela observou os preços
e achou um absurdo. Estava quase desistindo de escolher alguma coisa. André
disse que era “o custo de vida na Cidade Maravilhosa” e colocou os pães no
carrinho.
— É, só pra quem tem cartão platina — falou Carly. —
Mas, pensando bem, não tá menor que o custo de vida em Jequié. Você não
consegue alimentar uma família de cinco pessoas com um real de pães. Como diz
Lucy, isso aqui é o Jogos Vorazes sem
arco e flecha[i] — André riu, enquanto iam para seção de congelados.
Quando iam para o caixa, André viu a moça de cabelos com mechas
loiras, que era a atendente. Ele parou e Carly percebeu. Seguiu o olhar dele e,
mesmo sem nunca ter visto Lorena, sabia que era ela. A mulher da frente já estava terminando enquanto na outra
fila, havia duas pessoas ainda. Carly pegou o anel de formatura de André e
colocou no dedo anelar da mão esquerda dele, com a pedra azul para baixo.
— O que...?
— Aja normalmente — Carly empurrou o carrinho, quando a mulher da frente
saiu.
A loira viu André e sorriu. Carly achou um absurdo ela sorrir assim,
depois de tudo.
— Oi, Andy.
Carly bateu o copo de requeijão cremoso na esteira. Lorena olhou para
ela. Carly percebeu que a moça viu a aliança na mão dela. Lorena começou a
passar as compras.
— Quem é sua amiga, Andy? — perguntou Carly, simpática.
André entendeu o que Carly estava tentando fazer e entrou no jogo dela.
— Lorena Veiga, dear — falou
ele, sorrindo para ela. — Ou melhor, Lorena Martins, não é? E não é minha
amiga, já falei sobre ela. Lorena, essa é Carly Ferreira, minha esposa.
— Ah — a outra estendeu a mão. — Prazer em conhecê-la.
— Lorena Veiga? — Carly sorriu, apertando brevemente a mão da moça. —
Sua ex-noiva? — André confirmou. — Que casou com Edgar?
— É. Aliás, como está Edgar? — perguntou André, terminando de passar as
compras para a esteira. Lorena parou um pouco com o código de barra do peito de
frango pronto para passar no infravermelho.
— Ele me trocou por uma texana, herdeira do petróleo — Lorena colocou o
frango de lado. — Então voltei pro Brasil com meu filho — ela terminou de
passar os iogurtes e deu o total da compra.
Carly observou a mulher, enquanto André entregava-lhe o cartão e ela
entregava-lhe o recibo, depois de efetivado o pagamento.
— Obrigada. Voltem sempre — Lorena sorriu, mas Carly podia ver toda
tristeza nos olhos dela. Ela não merecia raiva ou ódio, somente pena.
Ao chegarem ao apartamento, André e Carly guardaram as compras com a
ajuda de Lucy e Tiago. Depois, eles fizeram um lanche e Tiago foi levar a
esposa ao local do desfile, em Copacabana. André pegou a barra de Diamante Negro que comprara e estendeu
para Carly, quando ela terminou de lavar a louça. Ela olhou para ele.
— Pra tu não dizer que nunca te dei nada — André sorriu.
— Oxe, mas tu me deu presentes
d’O Mundo Mágico de Harry Potter, no
último Natal — disse Carly, aceitando o chocolate. — Obrigada
— Não poderia ir lá e não trazer nada pra tu, né? — André continuou
enxugando a louça.
Carly
sentou-se à mesa, com uma folha de papel e uma caneta. Ficou olhando para
André, mas ele olhou para ela e Carly olhou para baixo. Escreveu:
Lista de compras
Tiago chegou um pouco antes de Carly terminar. André aproveitou para
perguntar ao irmão, de novo, sobre ele e Lucy.
— Para de mentir, Tiago. Sei que brigaram — André insistiu e Tiago
acabou confirmando. — Por quê?
— Porque eu saí com uns amigos — falou ele.
— Pra onde?
— Uma festa.
— E essa foi a primeira vez?
— É da polícia, Andy? — perguntou Tiago, incomodado.
— Essa foi a primeira vez? — repetiu André, incisivo, com os olhos em
Tiago, que olhava para o chão. Carly observava os dois.
— Não. A terceira — Tiago olhou para o irmão. — Mas não bebi nem
conversei com nenhuma mulher...
— Não fez mais que a obrigação — cortou André. — Me diz uma coisa. Se
Lucy tivesse saído com as amigas e te deixado, ia gostar? — Tiago ficou quieto,
apoiado no balcão. — Não importa o que não
fez. Sabe que está errado ou não tinha começado logo a se justificar. Se você
vai a um lugar que não gostaria que Lucy fosse é porque sabe que pode
prejudicar o casamento de vocês. Se não serve pro seu casamento, não serve pra
você.
— Lucy fica reclamando que está com saudades de casa, que eu quero que
ela faça tudo.
— E você quer?
— Ela é um pouco bagunceira — falou Tiago, tentando não olhar para
Carly, que o observava. — Eu que tive que arrumar a casa pra quando chegassem.
— Mas Lu estava trabalhando muito essa semana, não?
— É, mas...
— Para de inventar desculpas, Tiago — falou André, com veemência. — Se
você quer manter esse casamento não vai adiantar nada ficar justificando teus
erros com os erros da tua esposa. Você tem que entender que Lucy está longe da
irmã e dos tios. Claro que ela vai falar, principalmente se a pessoa que
deveria fazer companhia a ela, some. Vai demorar até ela se acostumar. Tu sabia que seria mais difícil pra ela que
pra tu, ficar longe de casa. Eu te falei. Mas isso não é desculpa pra tornar
tudo pior. Ninguém colocou uma 32 na tua cabeça e te obrigou a casar. Tu disse que estava certo disso.
— Não me arrependi de casar, Andy. Lucy é a mulher da minha vida…
— Então demonstre isso — finalizou André.
Ele saiu da cozinha. Carly virou-se para Tiago e seus olhos
encontraram-se. Ela estava surpresa com o comportamento de André; não imaginava
que ele fosse tão sensato.
***
Mais tarde, Carly saiu do quarto, já pronta para ir ao desfile. Ela
estava um pouco desconfortável com o comprimento do vestido; odiava roupa
curta. Lucy sabia disso, mas insistia que a irmã deveria mostrar mais as
pernas, que eram muito bonitas. Carly as achava muito finas e tentava ao máximo
escondê-las. A moça não ficou melhor, com o comentário de André, quando ela
entrou na sala.
— Nossa, casamento de celebridade é curto, mas esse teu vestido.
— Shut up[ii]
— falou Carly, ruborizando.
Tiago apareceu e eles desceram para garagem.
— You’re beautiful[iii]
— disse André, ao abrir a porta da Mercedes para Carly. Ela olhou para ele e
entrou, rapidamente, antes que André a visse ficar vermelha novamente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário