Olá, pessoal! Mais um capítulo do meu livro Laços. Se puderem deixar um comentário para eu saber o que acharam, agradeço muito! Se quiserem adquirir um exemplar autografado, me contate em @sorayafreireoficial
Capítulo Dez
Carly saiu do banho, depois de chegar da aula de
reforço, à tarde, quando seu celular soou, avisando que ela recebera uma
mensagem no Whatsapp. Era de André:
Por algum motivo, ela sorriu e
digitou:
I’m fine, thank
you. And you?[i]
Eu consegui um par de ingressos para o show da Paula
Fernandes, dia 3.
Um amigo tinha comprado, mas vai viajar e me ofereceu.
Seu aniversário é dia 6, então pensei q seria um bom presente.
Qr ir?
Carly sorriu, sentada na cama. Nunca tinha ido a um show antes. E da
Paula Fernandes, era um sonho! Mas pensou em como iria, se precisaria faltar à
escola; e ficar na casa de André, sem Lucy estar lá, não parecia uma boa ideia.
Ñão sei.
O q sua mãe acha disso?
Sabe tenho 23 anos, já posso pensar
por mim mesmo. E vamos a um show, Villaça. Para d ser medrosa. Sabe q eu cuido
d vc
A palavra medrosa fez Carly
lembrar-se do sonho com sua mãe. Seja
corajosa, querida. Ela digitou: Vou conversar com meus tios — e enviou.
Ok, então. Espero resposta –– André respondeu.
— Um amigo tinha comprado, mas vai viajar? — perguntou Mário, que estava
lendo a conversa por cima do ombro de André, no escritório do Empório MimoSweet, — Que história é
essa? Eu tive o maior trabalho pra conseguir os ingressos e nem citou meu nome —
Mário jogou-se no sofá.
— Carly não gosta de você. Não depois de ter convidado ela pra sua casa
de praia e ter dito que ficariam sozinhos.
— Ah, como eu ia saber que ela é toda recatada. Mó gata, solteira, tive que jogar meu charme, né?
— É um idiota, Mário. Não sei por quê ainda sou seu amigo.
— Porque eu sou ligado com todos os promotores dessa cidade e consigo
ingressos, na última hora, pra você
levar sua princesinha ao show da
Paula Fernandes. De nada, cara. Disponha — falou Mário, em tom debochado.
Levantou-se e sentou à mesa. Pegou o peso de papel — um bonequinho, feito de biscuit, sentado a uma mesa de
escritório, com uma lixeirinha ao lado, que servia como porta-canetas.
— Você está em débito comigo… deixa isso aí — falou André, tomando o
artesanato da mão dele. — Foi a Lyly que me deu.
— Ah, foi a Lyly — Mário riu. —
Sabe que eu acho que é você quem gostaria de estar numa casa de praia com a
Carly?
— Olha como fala dela, hein — André olhou, sério, para o amigo.
— Ah, Andy, você é tão... — o rapaz procurou as palavras — bobo e
quadrado. Depois de ser chifrado duas vezes, ainda se apaixona...
— E uma das vezes, quem foi o culpado? — Mário ficou sem graça. — Vai
cuidar da tua vida, vai — falou André. — Valeu pelos ingressos.
— Quero um favor.
André franziu o cenho.
— O quê?
— Tô querendo trabalhar.
— Sério? — perguntou André, incrédulo. — Por que não trabalha na empresa
do seu pai?
— Sabe que eu não me dou com o velho.
André pensou um pouco. Ele sabia da relação complicada de Mário com os
pais.
— Isso tem a ver com o fato da minha prima estar prestes a ficar noiva?
Mário não respondeu. André sabia o quanto o amigo ficou mal ao saber que
Roberta estava prestes a ficar noiva do namorado. Ele ligou, bêbado e chorando,
para André, dizendo que recebera a notícia da própria. Mário e Roberta eram
amigos, há muito tempo, e ele nutria uma paixão não declarada por ela, que
André sabia.
— O fato é que eu cansei de não fazer nada da minha vida — disse Mário,
ficando de pé. — Me ajuda, vai.
— Vou ver o que posso fazer.
***
— O que achou? — perguntou André, sorrindo, quando ele e Carly entraram
no carro, depois de sair do Quatro
Estações Hall, na madrugada do primeiro sábado de outubro.
— Eu amei! — disse Carly, sorrindo.
Carly não podia acreditar. Ainda ficou olhando para casa de shows, quando
André deu a partida. Tia Salomé incentivou-a a ir, com algumas recomendações.
Tio Eli resmungou alguma coisa, mas ao final, desejou “boa viagem” à sobrinha,
abençoou-a e disse para ter cuidado. André tinha avisado a Carly que iria
buscá-la, na sexta à tarde. Tio Eli levou-a até o sítio de dona Anita e André e
tio Fernando vieram com o Esquilo, para buscá-la.
André conseguiu que Carly tirasse uma foto com Paula Fernandes e tivesse
seu CD autografado, por ter enviado à cantora uma cesta com os doces do Empório. Carly estava tão feliz que até
esqueceu que estava com fome. Mas depois que a adrenalina baixou, ela sentiu
seu estômago roncar. Perguntou a André se tinha algo para comer ali.
— Vê no porta-luvas — disse ele. Carly procurou no meio da confusão de
papéis, canetas, CDs e lixo e encontrou uma barrinha de cereais. À luz de
leitura, viu que estava vencida.
— Nossa, de repente, eu posso encontrar um basilisco aqui, não? — ela
sorriu, tentando colocar ordem na bagunça.
— Sempre deixo pra limpar depois e o depois
nunca chega — comentou André.
Carly tirou tudo que poderia ser lixo e arrumou os papéis, canetas — as
que ainda escreviam — e os CDs. Achou, então, um pedaço de papel com um número
de telefone e um nome.
— Andrea? — perguntou ela,
olhando para André. Ele olhou para o papel, enquanto entrava no Condomínio.
— Sei lá, deve ser de alguma festa. Aliás, a última faz tanto tempo; nem
lembro — André estacionou na frente de casa; saiu do carro e abriu a porta para
Carly.
— André e Andrea seria muito clichê, não acha? — ela sorriu.
Ao chegarem à porta, Carly tirou os sapatos para não fazer barulho. Sem
os saltos de dez, ela voltou a ser bem mais baixa do que André. Ele fechou a
porta e os dois atravessaram a sala, no escuro, e foram para cozinha. Famintos,
eles fizeram sanduíches e comeram com leite gelado.
— À aniversariante do mês — disse André, erguendo o copo. Carly apenas
sorriu, erguendo o copo. Eles ficaram em silêncio, mastigando.
— Obrigada — disse Carly, olhando para André. — Thank you so much for make my dream come true.[ii]
— You’re welcome[iii]
— ele falou, sorrindo. — You richly
deserve it[iv]
— e passou o dedo sujo de ketchup no nariz dela.
Carly fez uma cara de surpresa e depois passou mostarda no nariz de
André. Eles estavam rindo, quando Angélica entrou na cozinha, com um robe de
seda preta e os cabelos soltos sobre os ombros. Os dois pararam e olharam para
ela.
— Podem continuar — disse a mulher, indo até o armário. Pegou uma
xícara. — Como foi o show?
— Ótimo — respondeu André, enquanto a mãe colocava a xícara com água no
micro-ondas.
— Espero que enquanto planeja festinhas, André, seu pai não esteja nos
levando pro buraco.
— Obrigado, mãe, por nos brindar com seu bom humor logo de madrugada —
falou o rapaz, sarcástico.
Angélica nada disse. Olhou para Carly, que sustentou seu olhar. Depois
saiu da cozinha com sua xícara de chá. Pouco importava os olhares repreensivos
de Angélica. Depois de tirar a maquiagem e tomar banho, Carly arrastou-se,
cansada, mas feliz, para cama. Adormeceu, imediatamente. André, também, para
sua surpresa, no dia seguinte, descobriu que pegou no sono, assim que sua
cabeça tocou o travesseiro. Há muito tempo não dormia tão bem.
[i] Oi. Como você está?
Tô bem, obrigado. E você?
[ii] Obrigada por
transformar meu sonho em realidade
[iii] De nada
[iv] Você merece muito
isso.
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