Hayley & Sebastian
Seu
amor a 100 decibéis
Meu
coração a 1000 por hora
Isto
é uma fanfic. Não possui qualquer ligação com fatos reais, com exceção dos
nomes de famosos. Sem intenção de ofender os famosos citados nem seus fãs.
Livremente inspirada na novela Primeiro
Amor A Mil Por Hora.
Para Mya,
Giseli, Lana, Gaby, Mari, Jess, Lisa, Greici, Carlos, Joh
–
Desculpa se não ficou exatamente como queriam ou imaginaram, pessoal.
Hayley:
Não consigo acreditar. Ele está voltando. Melanie me avisou de
manhã. Saio do colégio e vou para o ensaio da banda na casa de Jeremy, o
baixista, feliz da vida! Minha mãe me liga para estragar tudo.
– Não esquece o jantar com Chad
hoje – diz ela.
Reviro os olhos. Não quero ir
àquele jantar idiota. E eu não suporto o Chad. Ele consegue ser tão superficial
quanto é possível ser. Mas não adianta dizer isso a minha mãe. Ela já decidiu
que vou me casar com Chad.
– Tá bom, mãe – respondo e
desligo.
– Não sei por quê aceita ser controlada
assim pela sua mãe – comenta Taylor.
– Só até eu fazer dezoito. Aí vou
pro Estados Unidos conquistar a América com minha música – eu falo, pegando a
guitarra. – Vamo ensaiar...
Sebastian:
É ótimo estar de
volta. Quando desembarcamos, Stephanie está lá, esperando por nós. Ela sorri,
corre para nosso Vater e eu, abraçando-nos ao mesmo tempo.
– Estava com
tanta saudade – fala minha irmã.
– Eu também
estava, Steph – digo, sorrindo.
Mal posso esperar
para ver minha Mutter. Mas Fabian chega fazendo barulho antes dela. Ele pula em
meu pescoço e também fico feliz em ver o caçulinha de novo. Minha Mutter entra
no hall atrás dele. Me aperta em um abraço e me enche de beijos, perguntando
como estou, com os olhos marejados de emoção. Devolvo todo o carinho, mas, quando,
finalmente, ela abraça meu Vater, posso perguntar a Melanie por Hayley. Estou mesmo
ansioso por notícias da ruivinha que adora tocar guitarra.
Hayley:
Decidi fugir. Não vou ficar nesse
jantar nem por uma música minha no primeiro lugar do Hot 100 da Billboard. Me
arrumo, pego minha bolsa e desço pela cozinha. Alcanço o quintal e pego minha
scooter. Não sei onde mamãe está e, graças aos céus, não a vi.
Estaciono na frente da casa dos
Vettel e ajeito meu cabelo quando tiro o capacete. Estou um pouco nervosa, mas
mesmo assim, toco a campanhia, sorrindo. Acho que vou desmaiar, quando o rapaz
de cabelos claros, sorriso torto e olhos azuis, abre a porta.
Sebastian:
Eu apenas sorrio.
A garota de cabelos cor de fogo e olhos verdes, da qual eu morria de
saudades, está parada ali.
– Guten Abend – ela diz e eu a tomo em
meus braços, erguendo-a do chão. Ficamos assim por um tempo.
– Não sabe quanta
saudade eu senti – sussurro em seu ouvido, devolvendo-a ao solo.
– Eu senti mais –
fala Hayley e sorrimos um para o outro.
Ficamos ali,
parados, até meu irmão Fabian aparecer.
Hayley:
Fico ouvindo, embevecida,
Sebastian contar sobre as corridas. Ele tinha começado como piloto de teste da
BMW, por isso tinha passado um tempo viajando. Meu coração fica pequenininho a
cada curva fechada demais ou ultrapassagem, mas é na pista que ele é mais o
Sebastian. Seus olhos brilham mais ainda enquanto ele fala sobre sua paixão.
– Und dir? – pergunta ele, sorrindo para mim. – O que tem feito?
Ele sabe, exatamente, o que tenho
feito. A gente trocou e-mails todos os dias. E ele me ligou, algumas vezes –
para aborrecimento da minha mãe.
A campanhia toca antes que eu
possa responder. Melanie vai atender.
– Hayley Nichole! – fala minha
mãe, ao entrar na sala de jantar.
Eu levanto, surpresa. E o pior de
tudo é que Chad está com ela.
Sebastian:
Frau Williams
arrasta Hayley para porta, reclamando. Eu as sigo, enquanto ela olha, meio
envergonhada, meio desamparada, para mim.
– Frau Williams,
espera – peço.
– Não fale
comigo, garoto – fala ela, parando, e me encara. – É por sua culpa que Hayley
está tão rebelde. É uma péssima influência pra ela!
– Ôh, vê como
fala com meu filho – intervém minha Mutter.
– Minha doce
Christie – fala Chad, bajulador –, não se irrite, por favor. Hayles, querida,
poderia nos acompanhar? Sua mã...
– Não, ela não
pode ir – eu falo, segurando o braço de Hayley.
– Cala a boca –
retruca ele –, que eu não falei com você.
Eu vou responder,
mas meu Vater me contém.
– Como pode
deixar seu noivo esperando? – pergunta Frau Williams, olhando para Hayley.
Eu também olho
para ela.
Hayley:
Posso ver a decepção nos olhos do
Seb, mas não dá tempo explicar nada. Minha mãe me empurra para fora da casa dos
Vettel. Ela coloca a mão na minha cabeça, forçando minha entrada na Mercedes de
Chad, como se eu fosse um bandido sendo enfiado em uma viatura. Fico com muita
raiva.
– Sinto muito pelo fracasso que
foi o jantar, Chad – fala minha mãe, com a mão na cabeça, em um gesto
dramático. Reviro os olhos.
– Não se preocupe, Christie –
Chad passa o braço pelos meus ombros. – Hayles é um pouco rebelde, mas não
tanto que eu não possa domar. – Ele sorri e me beija a bochecha. Limpo o lugar
com a mão, enojada.
Ainda bem que Chad vai embora
depois de nos deixar em casa. Eu subo correndo para meu quarto.
– Como pode fazer isso, Hayley
Nichole? – pergunta minha mãe, vindo atrás de mim. – Deixar Chad Gilbert
esperando pra ir atrás daquele pé-de-chinelo!
– Eu não tô nem aí pro Chad –
retruco. – Sebastian não é pé-de-chinelo! Ele vai ser o melhor piloto...
– Puft! Piloto. Chad é rico,
Hayley. Milionário. E sabe o que nós temos? Dívidas.
Minha mãe apoia-se na cadeira da
penteadeira, fechando os olhos. Ela sempre faz isso. Usa chantagem emocional
para me convencer de que a melhor coisa para nós é eu me casar com Chad.
– Não precisamos dessa casa, mãe
– falo, em tom apaziguador. – É muito dinheiro pra manter.
– Não vamos vender a casa. Ela
está na família há gerações.
– Mãe, pense racionalmente. Se
vendermos a casa, teremos um pouco mais de dinheiro até eu começar a ganhar com
a banda.
– Banda – debocha mamãe. – Quer
arrastar nosso nome pra lama, né, Hayley Nichole?
– Papai fez isso perdendo quase
tudo na mesa de jogo.
– É nossa chance, filha – diz
ela, segurando meus braços e olhando-me nos olhos. – Se casar com Chad, ele
saldará tudo, você sabe. Ele é louco por você.
– Não – eu me afasto. – Não
suporto ele. Mãe, eu amo Sebastian.
Mamãe empertiga-se, me olhando
duro. – Está totalmente proibida de vê-lo. E de participar daquela porcaria de
banda.
– Mãe... – Mas ela sai, batendo a
porta.
Sebastian:
Eu não acredito quando ouço a mãe de Hayley
dizer “noivo”. Melanie diz que Frau Williams é louca. Ela insiste que Hayley se
casará com Chad. Não importa se ela quer ou não. Ou se o ama.
A scooter de
Hayley fica na minha casa. Resolvo ir até o colégio dela, devolver. Ir até a
casa dos Williams só traria problemas. Paro na frente da escola e espero uns
dez minutos até o sinal bater. E lá vem minha ruivinha com um vestido roxo e
All Star.
– Hallo – diz ela.
– Hallo. Vim devolver seu meio de
transporte lento.
Ela ri, pegando o
capacete. – Falou o super piloto.
Hayley:
Eu subo na garupa da scooter e
Sebastian corre, enquanto eu o abraço pela cintura e fecho os olhos. Ele para
no bosque onde a gente costumava brincar quando criança, perto da pista de
kart. Foi aqui que Sebastian começou a correr. Nós descemos da moto e eu mal
tenho tempo de tirar o capacete. Sebastian me toma nos braços e me beija. Eu
fico nas pontas dos pés, abraçando-o pelo pescoço.
Sebastian:
Nós nos afastamos, meio sem fôlego, mas continuo
abraçado a Hayley. Eu a olho nos olhos, sorrindo, e afasto a franja dela.
Hayley sorri e mesmo se fosse inverno aquela luz acabaria com qualquer gelo.
– Mal podia
esperar pra ficar com você assim – eu falo.
– Senti muita
saudade, Seb – ela fala.
– E que história
é essa de casar com o Gilbert? – eu tinha que perguntar.
– Coisa da minha
mãe, você sabe – ela fala. – Ela acha que eu me casando com aquele idiota
estaremos livres das dívidas.
– Entschuldigung, Hayles, mas ela quer te
vender.
– Não seja tão
duro, Crashkid – ela afasta-se. – Eu meio que entendo. Minha mãe foi acostumada
com toda opulência e conforto... agora precisa economizar em tudo.
– Então, aceita
minha proposta. – Eu seguro as mãos dela. – Eu te dou o dinheiro que ganhei,
para renegociar as dívidas e quando for uma cantora milionária você me devolve.
Hayley sorri e
afaga minha bochecha. – Valeu, Seb, mas minha mãe nunca aceitaria dinheiro de
você.
Eu concordo.
Seguro a mão dela. – Lembra de “O jardim secreto”? – pergunto. Hayley assente.
Era nosso filme preferido quando éramos crianças. – Então vai até o oco daquela
árvore.
– Onde entalhou
nossa iniciais? – pergunta ela e eu confirmo.
Hayley:
Eu caminho até o velho carvalho onde há um H e
um S, dentro de um coração. Coloco a mão no oco do tronco e sinto algo macio. Pego
e é um pequeno saquinho de veludo vermelho. Olho para Sebastian e ele sorri,
misterioso, aproximando-se. Abro o saquinho e tiro um anel com uma pedrinha
vermelha e uma aliança. Meu coração dispara. Sebastian segura minhas mãos e eu
olho nos olhos azuis dele.
– Fräulein Williams, aceita se tornar Frau Vettel? – pergunta ele.
Eu sorrio e balanço a cabeça. – Sim
– respondo.
Sebastian pega o anel e coloca na
minha mão direita. Coloco a aliança na mão dele e a gente se beija, de mãos
dadas.
– Só temos que descobrir como
cenvencer sua mãe a me deixar casar contigo – Sebastian passa a mão em meus
cabelos.
– Acho que ela vai pirar – eu
falo, sentindo um aperto no peito. Nós nos olhamos nos olhos por um tempo.
Sebastian me beija a testa e eu encosto o rosto no peito dele, enquanto ele
afaga meus cabelos, seus braços ao meu redor.
Sebastian:
Ainda não sei como foi a conversa de Hayley
com a mãe dela. Vou até a mansão delas, mas Frau Williams me expulsa antes que
eu comece a falar. Ligo para Hayley, mas só dá caixa postal.
– Isso não é
justo! – desabafo. – Eu amo a Hayley. Será que é muito difícil entender?
– Sabe que a mãe
dela não gosta de você – meu pai fala, levantando os olhos da cadeira que está
consertando(a preferida da minha mãe, que ela chama de “cadeira de leitura”).
– Seb, talvez
seja melhor desistir...
Eu seguro a perna
da cadeira para que ele possa fixar o prego. – Vater, sinceramente, se Opa tivesse
dito pra desistir da Mutter, teria feito isso? – pergunto.
Meu pai sustenta
meu olhar, por uns segundos. Depois desvia os olhos para a cadeira. – Faça o
que achar melhor, Crashkid – diz ele, resignado, ao terminar de bater o prego.
A porta se abre e
uma loira de olhos azuis, sorridente, entra.
– Hanna? – falo,
surpreso.
– Hallo, Seb – ela diz, em sua voz
sedutora. – Oi, Herr Vettel.
– O que tá
fazendo aqui? – pergunto.
– Nossa, assim
vou pensar que não gostou de me ver – ela faz um biquinho, mas sorri. – Então,
como pensou em sua festa de aniversário?
Hanna se
autointitula minha assessora, quando na verdade nem preciso disso. Minha
carreira está no começo. E ela mantém uma espécie de fã-clube. Eu já disse
várias vezes que não preciso disso, mas ela não entende. Sem falar em todas as
vezes que deu em cima de mim e tive que, educadamente, dizer que amo Hayley e
sou fiel.
Hayley:
Minha mãe enlouquece depois que
Sebastian sai daqui. Ela arranca o anel do meu dedo quase me mutilando e sai
puxando os cabos do meu computador. Confisca meu celular e nós discutimos. Me
arrependo de tudo que eu digo, assim que a porta bate atrás da minha mãe, mas
não consigo entender a intolerância dela ao Seb. Choro um bom tempo, mas estou
decidida a não desistir. No dia seguinte, quando chego ao colégio, recebo um
recado do Seb pelo Fabian.
Sponge
Te
espero ao lado do colégio, na saída.
Crashkid
Eu nem consigo me aguentar de ansiedade o dia
todo. Ao sair, ele está lá. Nós nos abraçamos.
– E sua mãe? Foi feia a briga?
– Nem imagina.
– Entschuldigung... eu...
Eu vejo o carro de Chad
estacionado e minha mãe desce. – Tenho que ir.
– Hay...
Eu olho nos olhos celeste dele e
não costumo dizer isso, mas preciso. – Ich
liebe dich.
– Ich liebe dich – diz ele, com a mesma intensidade.
Caminho a passos rápidos para
Mercedes.
– Oi, linda – Chad tenta me
beijar, mas eu me afasto.
– O que estão fazendo aqui? – pergunto.
– Vamos almoçar com Chad, querida
– fala minha mãe, sorrindo, como se a briga não tivesse acontecido. Eu reviro
os olhos.
Sebastian:
Tenho que ouvir Hanna falando sobre como
poderia ser minha festa, enquanto só penso no almoço de Hayley com Chad
Gilbert. Nunca suportei aquele cara, no colégio. Expulso de quase todas as
escolas particulares da Inglaterra, o pai mandou-o para casa da avó em
Heppenheim. Tinha a mania de implicar com todos os garotos mais fracos e as
meninas que não se jogavam a seus pés. E o objeto de desejo dele sempre foi
Hayley. Objeto porque é assim que ele trata as garotas, como se fossem
descartáveis.
Frau Williams,
com a mania dela de julgar as pessoas pelo tamanho de suas contas bancárias,
aprova o romance. Um romance existente na cabeça dela e de Gilbert.
Eu e Hayley somos
melhores amigos desde crianças, apesar da mãe dela nunca ter gostado de mim.
Ela nasceu na Inglaterra, assim como a mãe e o pai, mas a mãe dela foi criada
em Heppenheim. Quando Hayley tinha quatro anos, os três retornaram à Alemanha.
À medida que
crescemos tudo mudou. Sempre a achei linda, mas ela passou a ser mais que isso.
E não suportava o assédio de Gilbert a ela, nem que aqueles garotos idiotas
fizessem comentários sobre ela, no vestiário. Ela era - ainda é, na verdade - a
mais bonita da escola.
No Sweet Sixteen
de Hayley, eu pude ir à festa porque o Herr Williams ainda era vivo. Ele
gostava de mim. Eu me declarei para Hayley aquela noite e descobri que era
correspondido.(Na verdade, eu já sabia). Eu a pedi em namoro e foi ótimo. Até a
mãe dela descobrir. Herr Williams tinha falecido há pouco tempo e Frau Williams
tornou-se mais mal-humorada e intolerante que antes. A descoberta das dívidas
deixou-a quase louca. Foi, então, que ela decidiu que Hayley se casaria com
Gilbert e me descartou definitivamente da vida da filha. Hayley, não. Passamos
a namorar escondidos. E a deixei para começar como piloto de teste da BMW Sauber.
Prometi que quando fosse piloto, nos casaríamos e entre um show dela e uma
corrida minha, seríamos o casal mais grudento e feliz.
Hayley:
O almoço é um saco. Tenho que aguentar o papo
da minha mãe e de Chad falando sobre a festa de noivado... Eles são loucos ou o
quê? Noivado? Eu não vou casar com dezoito anos... só se fosse com Seb...
– Licença – fala minha mãe,
levantando-se, e sai. Aposto que só para me deixar sozinha com Chad.
Mantenho os olhos no meu Floresta
Negra, mas Chad tenta puxar assunto.
– Vai tocar no baile de
encerramento do colégio, né?
– É.
– Parabéns – ele sorri. – Gosto
de tocar guitarra. – Eu já sei disso. É sempre a mesma coisa que ele fala para
parecer que temos algo em comum. – Sabe, Hayls – Chad estica a mão e toca a
minha. – Eu tenho contato com vários produtores do Reino Unido e da América.
Poderia ter uma grande chance...
– Não vai me comprar.
Chad sorri. – Quem disse isso,
vampirinha? É uma troca. Eu te dou o que você quer e você me dá o que eu quero.
– E o que você quer sou eu – puxo a mão.
– Hayls, eu sempre tenho tudo que
eu quero. Podemos fazer isso pelo meio fácil ou pelo difícil.
Eu fito os olhos de Chad, meio intimidada. –
Como assim?
– Seu amorzinho, Sebastian Vettel
– ele fala, com desdém. – E se de repente ele sofresse um acidente em uma curva
fechada. – Meu coração para por um segundo. – Ah, que horror! – continua Chad,
em um tom falso e nojento. – Ou, talvez, acidentalmente, algo na água dele
fizesse ele cair no antidopping. O fim da carreira do iniciante e brilhante
Vettel.
– Não pode... – minha voz quase
não sai.
– Meu pai é um dos executivos da
BMW, que patrocina seu namoradinho, querida. Eu posso estar em qualquer
corrida. Acima de qualquer suspeita.
Chad tenta tocar minha bochecha e
eu afasto a mão dele, com um tapa. Ele ri, contrafeito. Meu coração está tão
apertado que parece uma ervilha e acho que posso parar de respirar.
Sebastian:
É quase
meia-noite e o vinhedo ao redor da propriedade dos Williams está totalmente
escuro. Apesar de ser verão está bem frio. Enfio as mãos nos bolsos e caminho
até a lateral da casa. Escalo a árvore e dou três batidinhas na janela de
Hayley. Espero e vejo a luz do abajur acender. Aceno e ela vem, aos pulos,
abrir a janela. Pulo para dentro e a abraço. Sinto Hayley um pouco tensa e o
abraço dela parece urgente.
– Que foi, Hayls?
– pergunto, preocupado. Me afasto para olhar nos olhos dela.
– Nada. Só estou
aproveitando enquanto temos tempo.
– O que quer
dizer? – digo, apreensivo. Hayley fita meu rosto e passa a mão em meus cabelos,
parecendo perdida. – Como conseguiu me ligar?
– Minha mãe saiu,
à tarde, então usei o telefone – diz ela. – Precisava te ver.
– Ela vai me matar,
se me encontrar aqui.
– Não. Ela toma
remédios para dormir.
Eu sei disso, mas
se tratando da sra. Williams...
Hayley:
– Vocé tá estranha, Hay –
Sebastian fala. – Preocupada. O que aconteceu?
– Você me ama, né, Seb?
– Mas que pergunta. Claro que amo
– ele diz, olhando nos meus olhos.
Pego a mão de Sebastian e o
conduzo à minha cama. Eu sento e ele entende que deve sentar também. Tiro o
cachecol dele.
– O que tá fazendo?– pergunta
Sebastian, olhando-me nos olhos.
Eu pego as mãos dele e as coloco
nos botões do meu pijama. – Eu quero ser sua antes que tudo acabe, Seb.
Sebastian olha para mim,
assustado, e se afasta, levantando-se. – Como assim tudo acabe?
– Não faça perguntas, por favor –
peço.
– Como não, Hay? Vai casar com
Gilbert, é isso?
– Eu faria qualquer coisa pra te
proteger – eu falo.
– Proteger? Ele te ameaçou, aquele verme? – Sebastian parece muito irritado.
– Proteger? Ele te ameaçou, aquele verme? – Sebastian parece muito irritado.
– Não – tento contornar a
situação. Droga, falei demais.
– O que ele falou, ahn? – Não
respondo. – O que ele disse, Hayley?
– Nada. Já falei. Mas eu tenho
medo, Seb. Sabe que Gilbert não é de confiança. E...
– Eu sei que ele disse alguma
coisa.
– Isso não importa – corto,
segurando as mãos dele. Sebastian me olha nos olhos e eu sinto a raiva dele
abrandar, mas sei que não esqueceu. – Só fica comigo.
Sebastian:
A proposta de Hayley é tentadora. Claro que eu
quero que ela seja minha. Mas não assim. Com pressa, como se fosse uma despedida.
E eu sei que ela está sendo coagida de alguma forma, pelo Gilbert. Se ele está
pensando que conseguirá algo com seus métodos sujos, eu não vou deixar. Abraço
e beijo Hayley com a mão em seus cabelos. Ela, possivelmente, pensa que eu aceitei
a proposta. Fica parada, me olhando, quando me afasto e vou para janela.
– Quero que seja
nossa primeira de uma vida inteira juntos, Hayles, não uma despedida – digo. Me
viro para janela e desço.
– Eu te amo, Seb – ouço ela sussurar, debruçada na janela, antes de entrar na escuridão, puxando a gola do casaco para cima. Meu cachecol fica com Hayley.
– Eu te amo, Seb – ouço ela sussurar, debruçada na janela, antes de entrar na escuridão, puxando a gola do casaco para cima. Meu cachecol fica com Hayley.
Hayley:
O baile da escola é no sábado. Sei que
Sebastian vai nos ver cantar. Estou um pouco apreensiva porque Gilbert também
vai. Ele ainda está com o olho meio vermelho. Sebastian deu um soco nele, no
dia seguinte a nossa conversa. De alguma maneira isso vazou para imprensa e foi
estampada em letras garrafais nas colunas de fofoca. O MAIS NOVO PILOTO DA BMW
TEM PAVIO CURTO. ATACOU O FILHO DE UM DOS SEUS PATROCINADORES SEM MOTIVO
APARENTE. Um monte de m... sensacionalista. Mas ele está lá, assim que entro na
quadra do Starkenburg Gymnasium High School, toda decorada para o baile. Ele
não parece feliz, ao me ver com Chad Gilbert; nem eu, ao ver Hanna Prater pendurada no braço
dele. Por que ela tinha que vim? Sempre a odiei. A capitã do time de líderes de
torcida, insuportável, alardeando o fato do pai ser dono do Prater Hotel,
"o único cinco estrelas de Heppenheim". A mãe dela é assessora e ela
acha que é também.
– Olá, Hanna – cumprimenta
Gilbert e beija a mão dela. – Linda, como sempre. E com um péssimo gosto para
companhia. – Ele sorri com desdém para Sebastian, que desvia
o olhar.
– Faço minhas as suas palavras –
Hanna sorri.
– Eu tenho que checar o som –
falo e saio, antes de vomitar.
Sebastian:
– Sponge, espera –
peço, indo atrás de Hayley.
– Por que tinha
que trazer sua assessorazinha, ahn?
– Você não trouxe
seu suposto “noivo”? – retruco.
– Meu noivo é você – ela me dá um tapa no peito de
leve. – Ou trazia ele ou minha mãe não me deixava vim.
Eu puxo Hayley
para trás do palco. – Vamos fugir, Hayley. A gente casa e vai para Inglaterra.
– Eu sou menor,
Seb. Isso seria sequestro – ela fala, anisosa. – E não posso deixar minha mãe.
Tenho vontade de
dizer que Frau Williams nem se importa com ela, mas não falo. Ela parece
triste. Eu a abraço e ela me abraça de volta.
– Hayley – diz
Chad, puxando-a pelo braço. Eu avanço e ele dá um passo atrás. Hayley intervém
e empurra Chad de volta à pista.
Hayley:O show é muito legal! Nunca tocamos tão bem.
– Agora, gostaria de tocar uma música para uma pessoa especial e pra que vocês possam dançar com seus pares – anuncio. – The only expection...
Vejo Sebastian
bem a minha frente, sentado a uma mesa. Ele sorri e Hanna tenta atrair a
atenção dele; talvez pedindo para dançar. Mas Seb não liga. Ao passar para a
próxima canção, vejo Sebastian sair, com Hanna. Para onde estão indo?
Faço um sinal
para Jeremy e Taylor para pararmos, quando a música acabar. A música eletrônica
volta a tocar e desço do palco. Caminho pela multidão e saio do ginásio.
Encontro Sebastian e Hanna no estacionamento. Estanco ao ver os dois e sinto
minha respiração parar. Sinto o braço de Chad envolver minha cintura e me levar
para a Mercedes dele, enquanto começo a chorar.
Sebastian:
Não
encontro mais Hayley, no baile. Jeremy e Taylor não sabem para onde ela foi.
Gilbert também sumiu. Todas as minhas tentativas de falar com ela, depois
disso, são frustradas. Será que ela viu o beijo que Hanna me deu? Fiquei
aborrecido quando ela simplesmente avançou em mim. Tinha dito que estava com
falta de ar; por isso a levei ao estacionamento para tomar ar.
Hanna
vem a minha casa, no dia seguinte, pedir desculpas e eu aceito.
Minha
preocupação agora é falar com minha ruivinha. Tento contato com os meninos da
banda dela.
–
Cara, ligamos para ela, várias vezes – informa Taylor, por telefone. – Ela só
disse que tá fora da Paramore; para arranjarmos outra vocalista.
–
Quê? Paramore é o maior sonho da vida
de Hayley.
–
Pois é. Fomos até a casa dela, mas Hayley não apareceu.
Hayley:
Recebo várias
mensagens de Sebastian, mas não respondo. As irmãs dele também tentam contato
comigo, mas não posso falar com eles. Minha mãe devolveu meu celular depois de
eu ter ido ao baile com Chad. Maldito baile.
Chego até a
janela com o cachecol de Seb enrolado em minhas mãos. Como tudo aquilo
aconteceu? Eu só lembro de ter visto Sebastian beijando Hanna e Chad me tirando
de lá. Ele me deu algo para beber e ficar calma. Só lembro de acordar na casa
dele, no dia seguinte... Fecho os olhos enquanto as lágrimas rolam. Não posso
suportar a ideia de Chad ter me tocado enquanto estava embriagada... Olho a
enorme plantação de videiras que se estende a minha frente. Dá para ver uma
parte da cidade e do outro lado a casa dos Vettel. Meu coração aperta mais.
Olho para baixo e, por um segundo, penso em me atirar dali de cima. Mas me
afasto do parapeito. Não, não faria isso. Preciso que Sebastian me odei e siga
em frente. Se eu morrer, não sei o que ele fará.
O celular
vibra pela vigésima vez. Abro a mensagem.
Por favor,
Hay, preciso falar contigo. Me encontra na nossa árvore, hoje, no fim da tarde.
Viajo amanhã. Crashkid.
Sebastian:
Eu
estou sentado sob a árvore, há meia hora. O sol já desceu quase totalmente por
trás dos vinhedos, tingindo o firmamento de azul, laranja, vermelho e amarelo.
É uma imagem linda que Hayley amaria. Eu tenho esperança que ela virá.
Mas
ela não vem. Está escuro. Levanto-me e pego minha moto. Desço até o vinhedo dos
Williams. Subo na árvore e bato na janela de Hayley. Posso vê-la através do
vidro, mas ela não abre a janela.
Volto
para casa, frustrado.
–
Se ela decidiu, tem que aceitar – diz meu Vater.
–
Do nada, pai. Como assim?
–
Talvez ela tenha percebido que é uma batalha perdida. A mãe dela não quer.
–
Por que às vezes parece contra o meu namoro com Hayley, Vater? – Eu olho nos
olhos de meu pai, mas ele devia-os.– Eu só deisto da Sponge quando eu morrer.
Eu morro por ela, se precisar.
–
Não fala bobagem, Sebastian. Deveria é estar pensando na viagem – diz meu pai,
severo, enquanto saio da sala. Minha Mutter
está na cozinha, ocupada com o jantar. Melanie está ajudando-a.
–
Não fique zangado com o Bert. Seu pai quer o melhor pra você.
–
Por que ele e a sra. Williams são contra meu namoro com Hayley?
–
Coisa do passado, Sohn.
–
Como assim?
Minha
mãe olha para porta. – Eu não deveria contar... Não contem para Norbert que
contei. – Eu e Melanie assentimos. – Norbert e Christie tiveram um romance.
Coisa de adolescente. Mas seu pai era de família humilde e ela de grandes
fazendeiros. Ela não teve coragem de deixar tudo para ficar com ele. Quando
minha família mudou pra cá, eu e Bert éramos vizinhos e ficamos amigos. – Minha
mãe sorriu, sonhadora. – Nós nos apaixonamos e começamos a namorar. Vocês sabem
que foi rápido para ficarmos noivos. Christie ficou louca. Foi a minha casa e
me xingou. Até aí eu não sabia da história. Bert me explicou tudo, mas ela
ameaçou se matar se ele casasse comigo. Fiquei com medo e quase desisti de tudo,
mas ela, por despeito, ficou logo noiva do Williams. Depois do casamento, ela
fez questão do seu pai saber como ela estava infeliz e que a culpa era de Bert.
–
E porque ela é infeliz quer que Hayley seja também? – pergunto, aborrecido.
–
Talvez ela odeie você por ser filho do cara que ela sempre amou com outra –
falou Melanie.
–
Ela só pensa no dinheiro – falo. – Se realmente amasse o pai teria ficado com
ele. Eu amo muito Hayley e não vou deixá-la. Se for preciso, a roubo.
Minha
mãe olha para mim, com um misto de preocupação e aprovação.
Hayley:
Vejo Sebastian
pelo vidro, mas continuo deitada na cama, mesmo depois que ele vai embora. O
cachecol já está molhado, mas tem o cheiro dele. Quero ficar aqui para sempre.
Deixar a tristeza e a vergonha apertarem meu coração até ele parar de bater.
Tudo que sonhei com Sebastian acabou. Chad veio aqui hoje e disse que cumpriria
sua ameaça se eu não me casasse com ele. Disse ainda que contaria a Sebastian
tudo que aconteceu entre a gente.
Lembro dos
olhos celestes de Sebastian quando disse que nunca me casaria nem teria filhos,
por causa do casamento desastrado dos meus pais. Vi seu sorriso de lado ficar
triste. Ele disse que era uma pena, pois minha decisão afetava o futuro dele.
– Tinha
planejado que seria minha esposa e mãe dos meus filhos – finalizou.
Eu olhei no
fundo dos olhos dele e sabia que Seb não estava brincando. A partir daquele
dia, decidi que deixaria meu medo de lado e participaria do plano de Sebastian.
Gilbert pode conseguir tudo, menos meu coração. Eu amo Seb e não há nada que
mude isso.
Sebastian:
Eu
estou na pista de treino quando avisto Chad Gilbert com um grupo de idiotas na
arquibancada. Eu traço uma linha reta até ele.
–
E aí, Seb? Veio me dar os parabéns? – Ele sorri, com desdém.
Eu
avanço para ele, mas dois dos amigos dele formam uma barreira.
–
Deixem, pessoal. Vamos ver o Vettel Pavio Curto bater em um patrocinador outra
vez.
Eu
tento me controlar para não acertar a cara sonsa de Gilbert. Ele aproxima-se de
mim. – Sabe o que falam sobre as ruivas serem quentes?
Eu sinto o sangue ferver e avanço para ele. Os
amigos dele interferem e Gilbert sorri, divertindo-se. – Mas você nunca vai
saber como Hayley é macia e gostosa.
Meu
pai e Hanna aparecem e tentam me conter. Eu me solto e saio para o outro lado.
Pego o capacete e entro no carro. Piso fundo e só quero bloquear os
pensamentos. Hayley dormiu com Gilbert? Era por isso que não queria mais me
ver? Não. Ela não poderia ter me traído... Eu entro em uma curva e o mundo
entra em colapso.
Hayley:
Stephanie me avisa do acidente e meu impulso é
pegar um avião e ir ver Seb. Mas não posso. Chad chega no dia seguinte e
aproveita para vim cutucar minha ferida. Eu nem consigo pensar direito. Acho
que se tivesse uma faca eu enterraria no coração de Chad sem piedade. Ele me
olha de maneira fria e calculada, ao me dar a notícia. Eu pego a caneta na
minha escrivaninha e me jogo contra ele, parecendo uma idiota. Ele toma-a, me
segurando. Não consigo mais.
– Pronto?
Acabou o show? – pergunta ele, nós dois no chão do meu quarto. – Eu te disse,
Hayley. Seu erro foi duvidar.
Encaro os
olhos frios dele por alguns segundos. – Por que faz isso, Chad? O que Seb fez
pra você? O que eu fiz pra você?
– Você
preferiu ele – ele cospe as palavras.
– Um pobre, filho de carpinteiro. Eu
sou rico, Hayley.
– Você não tem
CORAÇÃO! – grito. – Como acha que vai ser esse casamento?
– Algumas
pessoas não precisam de amor pra ser feliz – fala Chad, com os olhos cravados
nos meus.
– Eu tenho
nojo de você – digo, entredentes. Tento ficar de pé, mas Chad me segura e encosta
a boca na minha orelha.
– Seu
namoradinho sentiu a mesma coisa quando soube o que você fez. – Eu tento me
desvencilhar dele, mas Chad me beija. – Agora só tem a mim, querida. Tomara que ele morra.
Eu sinto as
lágrimas e a raiva me dá forças para empurrá-lo. Ele ri e sai. Então, posso
cair aos pedaços.
Sebastian:
Eu
abro os olhos e meu corpo dói. Ouço o suspiro de alívio da minha Mutter,
agradecendo a Deus. Olho para o lado e a vejo; seus olhos cheios de lágrimas.
Eu tento sorri para acalmá-la. Depois que o médico me examina, recebo minha
família e Hanna. Todos parecem aliviados, mas a reação de Hanna é de desespero,
o que me irrita um pouco e parece forçado. Fico sabendo que fiquei vários dias
desacordado. Hanna me conta que Hayley vai casar com Gilbert, no fim do verão –
como se eu precisasse de
mais um motivo para me sentir mal. Os dias que passo no hospital são
enervantes. Eu gosto de estar em movimento, em alta velocidade. E quando saio
tenho um braço quebrado.
-
Você tem que ir - me fala Stephanie, assim que volto para Heppenheim. - Se te
vir, Hayley não terá coragem de ir até o final.
-
Como sabe disso? Ela já se decidiu - falo, mal humorado.
-
Com certeza ela está sendo forçada a isso.
-
Chega, Stephanie! - me irrito. - Hayley fez a escolha dela. Scheiße! - Chuto a
cama apenas para a dor no pé bloquear a do coração.
Hayley:
Uma semana e
meu destino será selado para sempre. Eu sinto que já chorei tudo. Estou
segurando a carta de uma gravadora da Inglaterra. Nós tínhamos enviado a demo
apenas para tentar a sorte. Eles estão marcando uma audição. A outra carta é da
London School for Performing Art & Technology. Estou sendo convidada para
audição para o Curso de Música. Tudo que eu queria, toda minha vida e agora não
faz o menor sentido. Melanie me ligou, mas não consegui falar com ela direito.
Ela perguntou como eu estava e falou sobre Sebastian. Foi um dardo no meu
coração ouvir ela falar que Seb estava muito triste. Eu encerrei a ligação
antes que ela percebesse que eu estava chorando. Mas, graças a Deus, ele acordou, não houve sequelas e está em casa.
Aqueles dias em suspenso foram terríveis!
Meu futuro,
agora, é uma mansão na Inglaterra; uma prisão de ouro, com um marido de coração
frio, do tamanho de uma moeda de um euro. Não terei filhos nem nada que, um dia,
eu sonhei.
Sebastian:
Eu
ando de um lado para outro do quarto. Essa inércia me mata! Minha família foi
ao casamento. Não posso culpá-los. Com certeza, eles esperam que algum milagre
aconteça. Stephanie e Melanie sempre foram muito próximas de Hayley e querem
apoiá-la, mesmo não concordando. Elas se convenceram que ela está fazendo isso
sob coação. Hanna também foi. Ela tentou me convencer, mas eu estou decido.
Olho
pela janela. A cerimônia será no salão de festas do Prater Hotel...
Já
chega!
Hayley:
Eu me olho no
espelho e o vestido branco é minha veste mortuária. Ele deveria ser preto.
Tento me manter em alguma dimensão acima da vozinha de minha mãe. Dos
comentários não apropriados e da felicidade falsa e contundente. Eu poderia sair
correndo daqui e fugir pelos vinhedos. Talvez conseguisse chegar a Berlim e de
lá partir para os Estados Unidos quando fizesse dezoito. Mas sem Seb nada faria
sentido...
Sebastian:
Dirijo
mesmo com o braço engessado e paro onde encontro espaço. Eu entro pelas portas
dos fundos e subo pelo elevador de serviço. Preciso encontrar o lugar onde
Hayley está se preparando. Me escondo ao ver Frau Williams aparecer no corredor.
Eu continuo, torcendo para ninguém me ver. Mas escuto vozes em uma das suítes e
me aproximo. Gilbert e Hanna estão atracados em um beijo intenso.
–
Não te disse que ia dar certo? – cochichou ele.
Hanna
sorri, enquanto ele beija o pescoço dela. – Só mais uma hora e tudo estará
acabado... Acabado pro casal Sayley. Começado pra você.
–
E vai ter aquele pobretão só pra você – diz Gilbert, rindo.
–
E não precisaremos mais nos preocupar... Hayley não precisa saber que vocês
nunca tiveram nada. Nem Seb que a princesinha dele nunca o traiu... E vai viver
toda sua vida pra ela. – Hanna faz sinal de que vai vomitar.
–
Podemos continuar tendo nossos segredinhos, querida – fala Gilbert e beija
Hanna de novo.
–
Chega. Meu vestido vai amassar...
–
Bobagem...
Eu
me afasto ou quem vai vomitar sou eu. Dou meia volta e desço.
Hayley:
Eu gostaria de
soltar a mão de Chad, mas ele segura firme. Isso poderia acabar logo. O celebrante
faz a pergunta a Chad e ele diz "sim". Depois é minha vez...
– Não!
Eu me viro
para a porta e Sebastian caminha até nós. Ele sorri. – É mentira, Sponge.
Gilbert armou com Hanna.
Eu demoro
alguns segundos até entender. Solto a mão de Gilbert e corro para os braços de
Sebastian.
Sebastian:
–
Seguranças – diz Gilbert e o salão todo está em polvorosa. Eu continuo com
Hayley em meus braços e beijo sua bochecha. O mundo pode acabar agora porque meu mundo está aqui. Dois seguranças me agarram,
enquanto Hayley bate neles.
–
Você é um lixo, Gilbert! – grito. – Não é capaz de conseguir uma mulher sem
mentir e ameaçar!
–
Soltem ele – ordena Herr Gilbert, o pai de Chad, e os homens soltam-me. Hayley
vem para perto de mim e eu a abraço. – Tudo bem, Vettel?
–
Tudo, senhor.
–
O que tem a dizer?
–
Pai... – Herr Gilbert levanta a mão e o filho cala-se.
–
Seu filho dopou Hayley e fez ela acreditar que tinham dormido juntos. Ameaçou
minha vida pra obrigá-la a se casar.
O
sr. Gilbert olha para o filho enquanto um burburinho percorre o salão. Chad
parece pregado no chão. A sra. Williams vem até Hayley, enquanto Chad leva uma
bronca do pai.
–
Filha, o que ele fez com você? – ela pergunta, segurando o rosto de Hayley. Eu
vejo preocupação real nos olhos dela. – Você está bem? Por que não me contou?
–
Não aconteceu nada – eu digo e Frau Williams olha para mim. Sustento o olhar
dela.
Frau
Williams abraça Hayley e pede desculpas. Posso ver minha ruivinha sorrindo; uma
lágrima na bochecha. Então, Frau Williams vira-se e sapeca a bolsa em Chad. Eu
não sabia que ela sabia tantos chingamentos. Eu olho para Hayley e sorrimos.
Aperto-a nos meus braços e ela devolve o abraço. Nós nos beijamos, com a
comemoração, nada discreta, da minha família, como música de fundo.
Cinco anos
depois
Eu não sei se eu fecho os olhos para não ver as
curvas fechadas ou se os mantenho bem abertos para não perder nenhum segundo.
São as últimas voltas. Sei que não posso passar por emoções fortes, mas... E a
bandeira é balançada quando o carro cruza a linha! Eu sei que não posso pular
tanto, mas o bebê no meu ventre também está feliz pelo papai. Uhu! Conseguimos!
Eu
subo ao pódio como campeão da Fórmula 1, mas meu maior prêmio é a ruiva no
palco, gritando efusivamente. Eu sorrio, mandando beijo. Cinco anos de lutas e
apoio mútuo estão sendo recompensados. Eu e Hayley nos casamos pouco depois de
ela completar dezoito. Aproveitei, antes que Christie mudasse de ideia. Foi
difícil. Ela estava estudando em Londres e eu comecei a competir como piloto
oficial.
Brigamos
muito, mas nós sabemos que nos amamos e que poderíamos superar qualquer coisa,
ficando juntos e torcendo um pelo outro. Nossos pais se dão bem, agora. Daqui
posso ver minha mãe aplaudindo e cantando, ao lado da minha sogra. Ela acabou
aceitando o Sebastian. Vendeu a casa e compramos uma menor nos arredores de
Londres. Mesmo quando eu e Seb nos mudamos para Suíça, ela continuou lá. Acho
que por causa de um advogado viúvo que mora ao lado.
A
banda Paramore toca, enquanto os confetes caem e eu abro a garrafa de
champagne. É, minha ruivinha alcançou os primeiros lugares das paradas! Eu já
sabia que ela conseguiria. Eu desço do pódio e Hayley do palco. Nos encontramos
no meio de todo mundo e nos abraçamos. Eu enterro o rosto nos cabelos dela,
enquanto ela diz “Parabéns!” e nos beijamos.
Somos interrompidos
pelos repórteres, que querem entrevistar o campeão. Seb beija minha barriga e
sorri para mim, antes de virar para os entrevistadores, ainda segurando minha
mão.
Fim
Fim